Rumo a Competitividade

É Comum atualmente, ouvirmos os empresários queixarem-se das adversidades econômicas, que desaceleram seu crescimento ou até mesmo fazem regredir sua atividade. Com as vendas difíceis, os preços de venda se reduzem, achatando as margens de ganho, quando há ganho.

Com você não deve ser muito diferente. Se estes exemplos não são de seus problemas, parabéns, pode deixar de ler este material, e candidatar-se a presidente da associação industrial, para transmitir suas técnicas aos colegas.

Como você continuou a ler, vamos sugerir algumas reflexões. Rememore quantas vezes nos últimos dez dias, você foi procurado por um de seus funcionários, pedindo solução para:

-O tecido que chegou mais estreito que o padrão.

-O tecido do lote urgente, do cliente especial, está manchado e o prazo para corte estourado.

-O aviamento foi tinto fora da tonalidade do tecido e não há prazo para reprocesso.

Enquanto rememora, o telefone toca, é o gerente de vendas reclamando que ainda não recebeu o mostruário das peças especiais, para a concorrência que vai salvar a empresa. Ainda com o fone no ouvido, recebe de sua assistente financeira, os extratos das contas bancárias, a relação dos pagamentos a serem efetuados no dia e a relação dos clientes em atraso. Mal humorado, desliga o telefone e sai para dar um passeio pela fábrica.

Ao entrar no almoxarifado depara-se com o pessoal descarregando tecido de tal forma, que rasga a embalagem e suja-o, além de empilhar de forma inadequada.  Para não se incomodar, demonstra que viu, mas não fala nada e segue adiante. Ao ver um risco de enfesto, pergunta-se  de que adiantou gastar cinqüenta mil dólares em um sistema computadorizado de encaixe, para fazer um risco com tantos buracos. Não se contém, chama o encarregado, manda parar o enfesto e refazer o risco. Segue para a costura onde percebe duas costureiras cortando fios de peças prontas, em frente a máquinas parcialmente desmontadas; o mecânico explica uma causa para quebra de dois loopers, e que o motorista já está chegando com as peças, pois fazia tempo que não quebravam e o comprador achou que não devia ter estoque. Cinco metros a frente, o chão ao redor da máquina que aplica viez tem mais retalhos que seu depósito de resíduos; a costureira explica que o viez está cortado irregular, e que não dobra certo, além de ter muitas emendas para uma área tão grande de aplicação. Na embalagem, encontra uma operadora “desembalando” peças, rasgando a embalagem plástica. São as ditas peças que receberão etiqueta do cliente. Vai até a expedição para ver como está o faturamento do dia, e encontra uma fila de caixas abertas, parcialmente cheias, e com uma cópia do pedido anexada. O encarregado explica: aqui falta a cor vermelha do produto “X”, porque a fita só chega amanhã; aqui e aqui, falta todo o produto “Y”, porque a mulher da oficina foi com o filho para o médico, e não entregou o lote; neste, são só aquelas peças que o Sr. viu na embalagem, para colocar etiqueta… Seu celular está tocando, é o motorista do caminhão de entregas dizendo que, infelizmente, não conseguiu chegar no horário ao depósito do magazine, a marginal…

O que está acontecendo com sua fábrica? Com seu pessoal? Problemas sempre existiram, dificuldades sempre acontecem, mas agora, parece que tudo resolve acontecer ao mesmo tempo, coisas tão banais, e seu pessoal não enxerga. O mesmo pessoal que está há anos na empresa, sempre tão eficientes, tão solícitos, tão prestativos. Pessoas que você tanto ajudou na vida particular, agora tornaram-se relapsos, desinteressados. Será que é hora de substituí-los?

É hora de motivá-los. É hora de treiná-los para o atual momento de competitividade. Você já investiu muito tempo e dinheiro neles. Eles conhecem sua empresa melhor que você, e são capaz de “tocá-la” sem você, mas se forem substituídos, a empresa sofrerá até que os substitutos conheçam todos os detalhes de sua operação, e do seu estilo de administrar. Quantas horas de treinamento foi oferecida a sua média chefia no último ano? E seus chefes e gerentes? O chão de fábrica recebe treinamento?

Tom Peters, que foi um dos gurus da administração atual, afirma que o ideal para uma organização, é obter a média de 20 horas/ano/funcionário em treinamento.

Por certo seus problemas não acabarão, mas seus funcionários passarão a agir como agentes previsores e solucionadores dos problemas da empresa, e não como meio de transporte até o chefe, para que ele resolva.

Com os funcionários preparados, trabalhando num time coeso, com objetivo definido, sua empresa estará no rumo da competitividade.