Locomotiva em Movimento

É inequívoco que a indústria automobilística é a locomotiva da economia brasileira. E ela está se movendo num movimento “retilíneo uniforme”. Os dados adiante, demonstram a evolução dos licenciamentos no primeiro quadrimestre do ano, comparando com o mesmo período do ano passado, mostrando um crescimento de 20% no acumulado.

JAN FEV MAR ABR
2.018 154.303 133.063 176.364 184.677
2.017 127.106 117.500 164.203 134.570

 

Fonte: Denatran

A cadeia de produção automobilística é vasta e os salários dos metalúrgicos estão entre os maiores do país. Por certo, o consumo promovido por esta classe de trabalhadores fomentará um circulo virtuoso com efeito dominó ao contrário, elevando a economia como um todo. A que se deve esse crescimento? Certamente a um mix de ações em desenvolvimento de produtos e marketing, apoiados pelo fomento financeiro com ampla oferta de crédito. Mas não iremos estudar a indústria automobilística, e sim, os efeitos deste crescimento em nossa economia.

O segmento Têxtil e de Confecções vem amargando uma estagnação desde 2.015; Parcela significativa de médias e pequenas empresas, investiram tudo que dispunham no desenvolvimento de novas coleções e em formas sutis de comercialização, mas os lojistas reticentes, reduziram volumes de compras, pois nosso inverno insiste em não se apresentar, mesmo assim, os confeccionistas estão na reta final de entregas e na apresentação da coleção de verão.

Qual a estratégia de comercialização dessa nova coleção? E qual o planejamento interno desenvolvido para dar suporte a esta comercialização?

O histórico de nossas empresas, ou de parte significativa delas, é de que se coloca uma coleção na praça e fica-se na torcida para que tudo dê certo e as vendas aconteçam.

Voltemos ao início de nosso relato. É assim que age a indústria automobilística? Com certeza, não.

Tudo, desde a pesquisa para lançamento de novos produtos é meticulosamente planejada, bem diferente de nossas estilistas e diretoras de criação, que quando encontram um tecido importado de bom apelo, carregam a quantidade de modelos que o utilizam e quando a fábrica vai as compras, o estoque do importador acabou e a venda, tão difícil, fica sem entrega.

Olhem para dentro de suas empresas. Com algumas variações, o cenário é semelhante.

Nossa indústria de confecção precisa aprender a planejar. O sucesso de uma coleção, começa de quatro a seis meses antes do primeiro croqui ser desenhado. O departamento financeiro precisa definir o volume financeiro que a empresa necessita para fazer frente as suas despesas, investimentos futuros e o lucro. Com base na informação financeira, o setor comercial traça sua estratégia e informa ao desenvolvimento o mix de produtos que precisa, o target de preços e o volume que venderá. A partir da informação comercial, o departamento industrial fara seu planejamento, definirá os volumes e os recursos necessários para cumprir os prazos de entrega; Já é possível então o financeiro planejar agora o fluxo de caixa para o capital de giro e apresentar aos acionistas os momentos de sufoco financeiro ou da necessidade de aporte de capital.

Pronto, a coleção pode ser criada, atendendo as especificações comerciais, mas, agora começa o planejamento de marketing, definindo os produtos que serão trabalhados, os meios a serem utilizados, as campanhas, os catálogos, enfim, tudo que se faz necessário.

Enquanto a coleção é gestada, o comercial afina o discurso com os representantes, o industrial ajusta o treinamento das equipes de produção, interna e ou externa, o financeiro orienta compras quanto a prazos e valores orçados para comprar.

A coleção ficou pronta. Convenção, muita festa, pompa e pronto. Pronto? Agora começa outro trabalho e muito importante. O acompanhamento do plano. Marcação cerrada e correção imediata dos desvios. Hora de medir a produtividade, de vendas, de fabricação, de faturamento, de cobrança. Vender, entregar, receber. Esse é o ciclo.

Os sinais de aquecimento da economia brasileira em 2.018, estão presentes. Sua empresa de confecção está preparada para aproveitar com sucesso esse momento?

Costurando Qualidade

Temos recebido várias consultas sobre costuras repuxadas, franzidas, esgarçadas e outras formas de defeitos observados em peças industrializadas. Todos estes defeitos, visíveis até em lojas de grife nos shopping centers, são fruto do descaso nas salas de costura de nossas fábricas, e da pouca preocupação dos gestores com a satisfação dos consumidores: A qualidade.
O cotidiano de nossas confecções é uma correria que inicia com o expediente da fábrica. A primeira preocupação do gestor industrial é: quantas faltas tivemos hoje? O que, ela faltou também? Quem vai fazer aquela operação que só ela sabe fazer…
Deixemos, contudo, detalhes administrativos para seguirmos firmes em detalhes técnicos, que o gestor acaba não “tendo tempo” para ver e resolver, justamente em razão dos detalhes administrativos que tomam seu tempo.
Vamos enumerar os defeitos citados acima:
1. Costura repuxada. Comum em modelos de tecidos finos, principalmente em costuras longas de saias, calças ou mesmo blusas/batas nas laterais. Motivo: costura com regulagem errada de ponto. Ainda podem haver outros detalhes que contribuem para esse defeito: Espessura da agulha em desacordo com o tecido utilizado; em desacordo com a linha utilizada; linha não recomendada; tamanho do ponto (quantidade de pontos por centímetro); tensão das linhas de costura. Este último é o fator mais importante em uma regulagem de ponto. A máquina ideal para fechamento de tecidos finos em costuras longas é a que realiza o “ponto cadeia”, também chamada de overloque ou até como interloque quatro fios ou ainda, ponto falso.

Permite regulagens de pontos com menos tensão nas linhas sem ficar uma costura aberta.
2. Costura franzida. Parece semelhante a anterior, mas tem causa diferente. Ocorre apenas com uma das partes do tecido, num exemplo de calça, na parte da frente o tecido está todo liso e na parte de trás, fica franzido em uma das extremidades, na superior ou na inferior. Motivo: Isso ocorre quando a costureira junta as duas partes de forma natural até 80% do fechamento e então percebe que uma das partes é mais longa que a outra. Para não perder serviço (desmanchar), estica a parte mais curta alinhando as extremidades. Mais tarde, ao repousar, a parte esticada retorna ao comprimento anterior franzindo a parte que era maior. As costureiras experientes, resolvem este problema, distribuindo esta diferença (se for de até 1,5%), ao longo de 100% da costura, onde a diferença será absorvida sem apresentar franzimento. Diferenças maiores precisam ser recortadas, avaliando-se se isto não alterou o comprimento da peça, que pode cair um tamanho. O correto é verificar o molde das partes e se eles estiverem corretos, observar as operações de enfesto ou de corte que podem estar causando o defeito.
3. Costura esgarçada. Muito comum em tecido plano, mas também pode ocorrer em tecidos de malha. Pode ser causado por agulha e linha grossa, para o tecido em uso, quando plano, ou parecer costura aberta e ponto corrediço quando em malha. Ambos os casos apresentarão uma costura abaloada, sem caimento e, se sofrerem esforço, irão descosturar ou abrir no local. Motivo: regulagem errada do ponto, da tensão da linha das lançadeiras, ou mesmo da agulha. Um ponto com as tensões desequilibradas.
Todas as ocorrências enumeradas, dependem de pessoas com conhecimento para ajustar os pontos de costura, quase sempre o mecânico. Hoje há muita falta deles, pois mecânico de máquina de costura não pode ser um simples ajustador de máquina, mas precisa entender muito de costura para saber fazer estas regulagens e ensinar as costureiras a fazê-lo, pois são atividades simples, mas que requerem muito conhecimento. Mesmo pequenas empresas de confecção precisam de um profissional assim, com bastante disponibilidade e conhecimento.

O Mercado e o Lucro

O mercado de confecção no Brasil atual, vem caindo a números preocupantes. Os gestores das empresas industriais de confecção têm buscado soluções, mas sempre esbarram nas respostas de seus gerentes comerciais e representantes: O mercado está restritivo, as lojas não estão vendendo, e também não estão comprando. Na sequência, vem mais uma, os preços…
Lá dentro, você já fez de tudo, negociou tecidos, convenceu suas estilistas a serem racionais, conseguiu melhorar a produtividade, até alguns custos fixos foram reduzidos e, o pior, reduziu a margem de lucro. E o preço ainda está alto? O que fazer?
No artigo que indicamos para leitura, no link adiante, há uma frase que muito se aplica às nossas empresas. “As empresas sempre acham que vão sobreviver à crise e só buscam ajuda quando a situação está insustentável”, diz a advogada Juliana Bumachar.
É importante entender que a economia mundial mudou, como também mudaram as formas de se fazer negócio. O preço dos produtos, mais do que nunca, passa a ser um detalhe quando o produto em si se torna necessidade para o comprador. No nosso caso, precisa ser necessidade para o consumidor final, ficando o lojista apenas como intermediário, porém, é ele quem irá levar nosso produto àquele consumidor. Então, nosso produto precisa levar algo mais do que entregamos até hoje.
A economia brasileira ceifou vários clientes pela incapacidade de manutenção de seu negócio. Alguns novos têm surgido, mas perecem na aprovação de crédito. A maioria dos antigos clientes reduziram seu volume de compra.
Isso significa que, mantendo as condições atuais as empresas estão vendendo menos. Estão encolhendo.
A estas empresas, resta dois caminhos: Encontrar uma forma de aumentar suas vendas ou admitir o encolhimento e diminuir o tamanho da empresa.
Qualquer uma delas é de difícil aplicação. A primeira necessita de uma série de análises e tomadas de decisão estratégicas e até de pequenos investimentos, para oferecer boa probabilidade de acerto. A segunda, é cortar na carne. Também com muita análise decidir onde pode ser reduzido custo, para que a empresa atravesse estes tempos difíceis.
Podemos ajuda-los. Consulte-nos.
O link adiante oferece um artigo publicado no blog Indústria Têxtil e do Vestuário. Copie e cole no seu navegador.
http://textileindustry.ning.com/forum/topic/show?id=2370240%3ATopic%3A725556

Já Planejou 2.016

No início deste ano de 2.015, lançamos um artigo falando das dificuldades que o setor de confecções enfrentaria neste ano, pois o crescimento da economia brasileira seria de apenas 5%. Pois bem, erraram os prognósticos. Encolhemos quase 3%, isso driblou um grande vilão de 2.015, a falta de energia elétrica, que mandou aumentos insuportáveis em suas taxas.
Em conversas com empresários do setor e alguns clientes, este foi o pior ano de que recordam. Houve quem perdeu até 30% nas vendas, em comparação com 2.014 que já tinha sido ruim. Dívidas estão se acumulando.
Neste cenário dois de nossos clientes estão satisfeitos. Um deles teve crescimento de 0,08% ou praticamente manteve-se igual ao ano anterior. Outro teve pequeno crescimento de 2,0 %. Como estas empresas conseguiram isto? São muito pequenas onde qualquer ação dá excelente resultado? Tem um produto diferenciado de grande aceitação? Não. São empresas médias com produtos comuns de moda, faturando entre 20 e 50 milhões no ano. A diferença, é que eles trabalharam muito em estratégia.
No final de 2.014, quando todas as ações levaram a um crescimento pífio, perceberam que tinham que traçar novas estratégias para 2.015. Vários planos foram traçados, desde consulta a clientes até ações internas com funcionários, melhorando a produtividade e evitando demissões. Na área de produto, pesquisas com materiais de melhor custo, reavaliação dos processos com o mesmo objetivo e oferta de uma nova linha de produtos, com a mesma marca, porém, com preços mais atrativos. Aliado a isto uma nova força comercial foi colocada em campo, desbravando novos mercados e agindo de forma agressiva nos mercados consolidados.
O resultado, foi um crescimento de volume vendido próximo a 10% e crescimento financeiro entre 3 e 5%. Com as perdas normais de processo, o resultado final previsto para o DRE é o já colocado.
Análise de cenários, pesquisa de mercado, planos de ação, planejamento, acompanhamento. Foram estas as ações que levaram ao resultado.
Sua empresa também pode reverter ou melhorar acentuadamente o resultado para o ano de 2.016. Vamos dar um passo a passo:
1. Avalie detalhadamente o que ocorreu com as vendas em 2.015. Os clientes reduziram a quantidade comprada? Tiveram dificuldades com pagamentos? Seus representantes cobrem todos os mercados possíveis para seu produto? Quantos clientes novos foram abertos? Como é a ação de acompanhamento do seu setor comercial.
2. Avalie seu setor de desenvolvimento de produto. Quanto custa cada produto lançado? Quantos produtos lançados, sequer pagam o custo do desenvolvimento? Sua coleção poderia ter menos produtos e com melhor desempenho? O custo do desenvolvimento pode diminuir? O mostruário foi entregue na data marcada aos representantes?
3. Avalie seu setor de produção. As entregas foram feitas em dia na coleção atual e na anterior? A qualidade foi satisfatória? Os fornecedores mantiveram preços e garantiram entregas? Seus funcionários deram a produtividade esperada?
4. Avalie também o desempenho de seu setor financeiro. As metas estipuladas para vendas cobrem o custo operacional? Há rigidez no acompanhamento e controle do GGF (gastos gerais de fabricação)? Há um orçamento geral e controle orçamentário? A análise de crédito tem coibido a inadimplência?
Estas são ações básicas de administração que devem ser aplicadas em sua empresa. Das respostas a estas perguntas, deverá nascer um plano de ação para buscar o resultado.
Muito do que ocorre na economia brasileira, é fruto da inércia administrativa. Os boatos e verdades sobre a economia, fazem o empresário acreditar no pior e nada fazer para melhorar. Empreendedor é o que analisa e agride o mercado. Sua empresa chegou onde está por suas ações empreendedoras e isso não pode parar agora, quando uma situação adversa se avizinha.
Faça um relatório respondendo a todas as perguntas acima e envie para nosso e-mail, sjconsultores@sjconsultores.com.br, que responderemos com sugestões de ações a serem implantadas, no planejamento de ações para 2.016.

E. M. C. – VALORIZAR O SER HUMANO, DÁ LUCRO

A indústria de confecção do vestuário, no mundo e mesmo no Brasil, não tem sido um exemplo de valorização do ser humano. A esse respeito reproduzimos em nosso site um artigo internacional intitulado, MODA A QUALQUER CUSTO.

Mas aqui no Brasil e também no mundo, muitas empresas estão trabalhando no sentido oposto, embora ainda poucas no nosso segmento de confecção do vestuário, valorizando o capital humano.

Quando visitamos empresas ou em conversas com empresários deste setor, sempre ouvimos queixas das dificuldades encontradas em razão da falta de cooperação dos funcionários, da baixa produtividade, das exigências trabalhistas em segurança e higiene, das obrigações sociais em geral. A queixa maior recai sobre as costureiras, onde se concentra o maior grupo de mão de obra da fábrica e que, em razão da dificuldade crescente para contratá-las, os salários estão subindo.

As empresas organizadas do setor e aquelas que já alcançaram o status de grife poderiam crescer mais (mesmo com a crise) e se não o fazem é justamente por falta de costureiras. Algumas se servem de importação com sua marca, para poderem atender a demanda, mais do que na busca de preços competitivos.

Quem está investindo em costureiras no Brasil? Quantos jovens em busca do primeiro emprego são atraídos para os parcos cursos de treinamento oferecidos em algumas unidades do SENAI no Brasil? Há cursos que fecham com vagas, outros que nem são iniciados por falta do número mínimo de candidatos. Por quê? Por falta de salário atrativo. Vemos então salas de costura com faixa etária média de 35 anos, com máquinas equipadas com dispositivos ou comandos eletrônicos e digitais, que, quando são utilizadas, fazem apenas a operação de cortar fios, porque estes funcionários não são familiarizados com equipamentos digitais e tem dificuldade em aprender.

Perguntamos a estes empresários, quantas reuniões motivacionais seu RH realiza com as costureiras por mês? Como vocês medem o desempenho técnico e produtivo individual e de equipe? Qual programa de retenção de talentos aplica? Como são os níveis salariais no plano de cargos e salários? (este plano costumo chamar de CARAS E SALÁRIOS, pois é assim que se determina o valor do salário de costureiras).

Temos que começar a pensar, também na indústria de confecção do vestuário, qualquer que seja o tamanho, que sem as costureiras as empresas não sobrevivem, não crescem. As outras funções também são importantes, mas nelas é possível a utilização de máquinas automáticas, ou até robôs, necessitando apenas de operadores. Na costura, não. É manufatura. São pessoas orientando as máquinas, principalmente em moda feminina.

Qual curso técnico existe para formação de costureiras(os)? Para instrutores? Como se faz para obter mais produtividade das células de costura?

Quanto mais longe de São Paulo estejam as fábricas, menos técnica de trabalho são utilizadas. Posso afirmar isso porque conheço fábricas no Brasil inteiro. Claro, há empresas altamente desenvolvidas em todos os estados, mas as médias e pequenas, as facções, estão ainda na pré história. Mesmo no Rio de Janeiro, onde existe a melhor escola técnica do segmento, as empresas engatinham tecnicamente. Por quê?

Nestas mesmas empresas, de norte a sul, vemos costureiras que inventam suas ferramentas ou dispositivos auxiliares, com papelão, fita adesiva, clipe, uma infinidade de materiais, algumas vezes até reprimidas pela chefia, mas seus inventos não são aperfeiçoados, suas técnicas não são aproveitadas por outras operadoras, porque elas não são ouvidas.

Em todas as empresas que atuamos, sempre que reunimos grupos de costureiras para discutir problemas de qualidade ou de produtividade, fomos surpreendidos com sugestões aplicáveis às operações, com baixo ou nenhum custo adicional.

Este é o capital humano que precisamos em nossas empresas. Temos que captar estas contribuições e transformá-las em ganhos para a empresa e para os funcionários.

A melhor forma de fazer isto, é criando e disseminando a cultura colaborativa, através dos EMCs. Equipes de Melhoria Contínuas.

São grupos de cinco a sete pessoas da mesma área ou áreas afins, que desenvolvem voluntariamente atividades contínuas de melhoria e inovação. As características destes grupos são a voluntariedade, autonomia, continuidade, objetivo comum, respeito a individualidade, consenso, cooperação. Eles formam times com sinergia positiva, que por meio do esforço coordenado e voluntário, os torna apaixonados pelo que fazem.

É uma gestão sistêmica. As empresas nomeiam um gestor, normalmente da área de RH, que é treinado para disseminar a ideia dos EMCs, e a treinar os participantes em técnicas de reunião, metodologia de PDCA, Brainstorming, diagramas de causa e efeito, utilizados para gerenciar os projetos de melhoria e a medir os ganhos obtidos, sejam financeiros, sociais ou ambientais. Em uma média empresa de confecção, acompanhada em 2.008/09, o ganho financeiro dos projetos superou 200 mil reais em 12 meses, e a produtividade média aumentou em 20%, este o maior ganho. As equipes, claro também ganharam e esta é mais uma das atribuições do gestor: medir e pontuar os projetos para posterior recompensa. O absenteísmo e o turnover também reduziram, como efeito colateral.

A São Judas Consultoria, disponibiliza treinamento para gestores de EMCs, in company ou promovidos por instituições regionais, para potencializar o ganho com investimento em capital humano.

Tadeu Bastos Gonçalves

tadeu@sjconsultores.com.br

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MODA A QUALQUER CUSTO

Estou reproduzindo aqui um artigo publicado no blog http://textileindustry.ning.com/forum/topics/moda-a-qualquer-custo-1?xg_source=msg_mes_network, por achar oportuno.

Moda a qualquer custo
Fomos até a China para te mostrar que mortes e penúria são o verdadeiro preço das roupas baratinhas que você compra por aí
por CAROLINA OMS
Com Nana Queiroz e Asia Maria**
e colaboração de Helena Bertho
Da China, dos Estados Unidos, de São Paulo e de Brasília
Ilustração: Bárbara Malagoli
Na região do mercado de tecidos, na província de Guangzhou, na China, brincadeira de criança é virar vestido do avesso pra ficar mais fácil de pregar as alças. Enquanto as mães trabalham na costura e os pais carregam caixas, as crianças parecem até se divertir apostando entre elas quem vira a maior quantidade de peças.
Família, infância e trabalho se misturam para produzir rápido e barato as roupas que abastecem prateleiras no Brasil e no mundo. Às onze da noite, o trabalho e o calor seguem sem sinais de alívio. O termômetro costuma oscilar em torno dos 30 graus e a umidade e o abafamento dentro das oficinas, além da ausência de equipamentos próprios para o trabalho, levam os chineses a trabalharem sem camisa, de chinelos ou descalços. A janta é servida ao lado da máquina de costura. Assim é mais rápido.
Agindo como um possível comprador, a reportagem da Revista Azmina visitou bairros, confecções e intermediários da indústria da moda na China. Encontrou pessoas morando no local de trabalho e banheiros fétidos com um balde no lugar da torneira (veja mais detalhes na galeria de fotos). As visitas foram autorizadas e as condições deixaram no ar a pergunta: “Se este é o lugar que eles escolheram mostrar, o que pensar das confecções que escondem?”
Leia mais: Estilista brasileira vai à fábrica na China, vê como suas peças são produzidas e questiona todo o sistema da moda
O cenário em nada lembra a riqueza ostentada nos prédios das empresas que fazem a intermediação entre os produtores chineses e os compradores estrangeiros, as chamadas traders. Em uma delas, duas enormes portas guardam o acesso da recepção. Caminhando pelo piso espelhado, os compradores encontram o melhor da China capitalista. Mesas de mármore, sofás de couro, valiosos vasos chineses. Tudo nas proporções monumentais de um país continental.
Os valores transacionados nesses prédios são igualmente impressionantes. Em um ano, a indústria da moda movimenta US$ 3 trilhões no mundo. Enquanto a maior parte dos lucros está nas mãos dos acionistas das grandes cadeias de moda nos Estados Unidos e na Europa, o trabalho e o custo ambiental foram terceirizados para a Ásia, que é responsável por 70% da produção mundial de fios, tecidos e confecções. China e Hong Kong se destacam gerando cerca de 30% da produção mundial de têxteis e vestuário.

Mesmo no Brasil, que conta com uma vasta cadeia produtiva, com 33 mil empresas e 1,6 milhão de empregados, a importação cresceu 170% em dez anos, atingindo US$ 2,5 bilhões em 2014, segundo dados reunidos pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Os casos de trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão mostram que a cadeia nacional está longe da unanimidade no respeito aos direitos humanos. Mas mesmo uma breve pesquisa sobre as condições nos principais países produtores da Ásia mostra quão avançada é a nossa legislação e o quanto nós não sabemos como são feitas aquelas roupas que compramos porque “o preço estava ótimo”.

“Na China, a lei é a mínima proteção possível para um trabalhador, já que as fábricas frequentemente violam a lei enquanto buscam agradar às marcas internacionais de fast fashion”, conta PinYu Chen, diretora de projetos da Sacom, ONG de Hong Kong que fiscaliza como grandes corporações tratam os trabalhadores no país. Fast Fashion (ou “moda rápida”) é o nome dado aos grandes varejistas de roupas, como Zara, H&M, Renner e C&A, que procuram produzir rápida e continuamente moda a preço mais acessível. O problema é que, na maioria das vezes, o ônus de um preço menor e uma produção maior recai sobre o trabalhador e o meio ambiente. O custo não desaparece, só se transforma em custo social e ambiental.
Depois de pressionadas por seus consumidores, muitas marcas passaram a fazer auditorias para fiscalizar as condições de trabalho de seus fornecedores. Mas inúmeros especialistas e organizações afirmam que, como avisam as empresas sobre as vistorias com antecedência, os inspetores dão tempo para que os gerentes das fábricas empurrem a sujeira para debaixo do tapete antes que cheguem. Uma investigação independente da Socam descobriu que os fornecedores da Uniqlo (marca japonesa global de roupas de inverno) chegavam a trabalhar 308 horas por mês – quase 19 horas por dia, sem finais de semana. “O pagamento por cada peça é normalmente tão baixo que os funcionários não têm outra alternativa senão aceitar trabalhar muitas horas para ganhar o mínimo suficiente para viver com dignidade”, conta Chen.
Problema global, solução global
A mera existência das auditorias, no entanto, já torna a China um lugar melhor para se trabalhar se comparada a países ainda mais pobres, com legislações trabalhistas insignificantes e constante desrespeito aos direitos humanos. Em 2013, donos de confecções em Bangladesh ignoraram a ordem de evacuação de um prédio com profundas rachaduras nas paredes. No dia seguinte, 1127 pessoas morreram enquanto costuravam roupas para marcas como H&M e Benetton.
O caso inspirou o documentarista Andrew Morgan a viajar pela China, Camboja, Bangladesh e Índia para descobrir o “verdadeiro custo” das roupas que usamos, uma tradução livre do nome do seu documentário True Cost (disponível e recomendado no Netflix). Em cada país, o desrespeito aos direitos humanos e ao meio ambiente se repetia. “A indústria da moda terceiriza sua produção e a única coisa que importa é o lucro. Se um país passa a ter uma legislação trabalhista um pouco mais rígida ou salários maiores, a produção é transferida para outro lugar”, contou ele em entrevista para AzMina.

THE TRUE COST: O filme de Andrew Morgan, está disponível no Netflix e é um belo caminho para saber mais sobre o tema e se deixar tocar. O cineasta passeou por Bangladesh, EUA e Camboja para mostrar o lado negro da cadeia da moda.
Para romper com esse sistema que ele chama de “pesadelo perfeitamente elaborado para os trabalhadores”, o cineasta defende leis mais rígidas de importação nos Estados Unidos e na Europa, principais destinos das roupas. “É possível atuar por meio de acordos comerciais internacionais e de leis de importação mais rígidas. Nas economias desenvolvidas, podemos ter muito mais proteção ambiental e trabalhista, mas nós permitimos que o sistema fosse levado somente pela busca do lucro.”
Leonardo Sakamoto, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e fundador da ONG Repórter Brasil, que fiscaliza uso de trabalho escravo no Brasil, também acredita que o problema exige soluções que ultrapassam as fronteiras dos países. “Se a exploração é global, o combate também deve ser”. Ele defende acordos internacionais que exijam auditorias nas condições de trabalho e ambientais e a criação de mecanismos para punir empresas que superexploram trabalho, como bloquear as importações das que não fiscalizam seus fornecedores ou que foram flagradas com trabalhadores em condições degradantes.

Do outro lado há uma pessoa
Quase 21 milhões de pessoas são vítimas de trabalhos forçados no mundo, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Estima-se que esses trabalhadores gerem 150 bilhões de dólares em lucros. A OIT e o Brasil, no entanto, possuem entendimentos e termos diferentes para se referirem à questão. A OIT chama de “trabalho forçado” situações em que existe violência ou intimidação contra o trabalhador, servidão por dívidas, retenção de documentos e ameaças de denúncia às autoridades de imigração.
Um dos últimos países a abolir a escravidão legalizada, o Brasil escolheu relembrar seus horrores ao chamar de “Lista suja do Trabalho Escravo” um cadastro com as empresas flagradas. O mecanismo foi criado em 2003 e é referência no mundo todo. Entre os grandes produtores de vestuário e tecidos, o Brasil é o único que fiscaliza e responsabiliza as grandes empresas cujos fornecedores se utilizam de trabalho análogo à escravidão.
Além disso, o Brasil vai além das definições da OIT e do resto do mundo e afirma que não é somente a ausência de liberdade que faz um trabalho escravo, mas sim de dignidade. O código penal brasileiro considera que as seguintes condições, encontradas juntas ou isoladamente em um local de trabalho, configuram trabalho análogo à escravidão: condições degradantes de trabalho que coloquem em risco a saúde e a vida do trabalhador; jornada exaustiva a ponto de causar danos à sua saúde ou risco de vida; trabalho forçado e servidão por dívida.
Recém chegadas, as bolivianas Malena* e Maria* sofreram quase todas essas situações em uma oficina de costura em São Paulo. Atraídas por um falso salário de 1,5 mil reais, mãe e filha ficaram trancadas por um mês em uma casa suja onde trabalhavam por quinze horas ao dia nas máquinas de costura, eram acordadas aos gritos e não recebiam nem mesmo água potável ou papel higiênico em quantidade suficiente. A cada semana, o patrão prometia um valor ainda menor por peça costurada e, depois de um mês, o pagamento não chegou. Após uma intensa discussão, o empregador as deixou ir embora.

ILUSTRAÇÃO: Bárbara Malagoli
Quando elas retornaram com a polícia, no entanto, ele havia levado os outros trabalhadores a uma churrascaria e prometido melhores condições. Todos negaram as irregularidades, deixando-as sem pagamento ou direito ao seguro desemprego concedido a trabalhadores resgatados – inclusive aos estrangeiros. Desde julho, enquanto aguardam os resultados de uma ação judicial contra o antigo patrão, elas procuram emprego. “Se não acontecer nada até novembro, eu volto. Meu marido está lá trabalhando, cozinhando e eu aqui não consigo nada”, diz Maria, com os olhos marejados.
Histórias como a de Malena e Maria não são raras na indústria da moda. “Quando revelamos que a maioria dos trabalhadores dessas fábricas são mulheres, conquistamos mais simpatia dos consumidores. Mas não queremos simpatia, queremos poder!”, diz Sochua Mu, ativista de direitos humanos. Sochua atuava no Camboja, mas hoje está exilada nos EUA depois de ter sua prisão decretada por “insurgência” de trabalhadoras do mercado da moda. “Temos que convencer as trabalhadoras a liderarem as conversas nos sindicatos e criar uma rede de ação global de mulheres contra a escravidão moderna, fazendo pressão para que as grandes marcas subcontratem apenas bons fornecedores”, defende.

Seja a mudança
Consumidores podem fazer parte da mudança repensando alguns hábitos na hora de comprar. O primeiro passo é se informar. Um aplicativo da Repórter Brasil chamado Moda Livre, acessível no celular ou no computador, pode te atualizar sobre o assunto em pouco cliques. A partir daí, você pode se recusar a comprar, difundir a informação e questionar sua marca favorita sobre o assunto. Depois de filmar True Cost, Morgan passou a comprar menos e de maneira mais consciente. “Toda vez que compramos algo, mandamos uma mensagem. Se deixamos de comprar, se reclamarmos, pressionamos as marcas a agir diferente”, diz ele.
A C&A, por exemplo, tem “sinal verde” no aplicativo Moda Livre porque fiscaliza de maneira constante e sem aviso prévio as suas fornecedoras para garantir que elas cumpram a legislação ambiental e trabalhista do país onde estão instaladas. Mas Marina Colerato, fundadora do site de consumo consciente Mode.fica, avalia que nenhuma empresa de fast fashion possui uma cadeia de fornecedores à prova de críticas. “O fast fashion em si não é sustentável. A C&A, por exemplo, tem fornecedores em países asiáticos onde as leis são muito mais falhas que no Brasil”.
Em nota, a C&A disse que as auditorias verificam uma lista com mais de 110 itens relativos à saúde e à segurança dos trabalhadores, pagamento de salários e jornada de trabalho de acordo com a legislação trabalhista ou convenção coletiva. As auditorias também comprovam, garante a empresa, a ausência de trabalho infantil ou análogo ao escravo, liberdade de associação, não discriminação e não existência de situações de abuso ou assédio no local de trabalho.
Pequenas ações de muitos consumidores, acredita Sochua, podem fazer toda a diferença. Basta entender que não se trata apenas de comprar uma peça de vestuário, mas de mudar infâncias, vidas, dignidade e liberdade de pessoas como ela.
*Nomes fictícios
** Protegemos a identidade desta repórter com um psedônimo para evitar retaliações contra ela

Sete passos para fazer seu pouquinho:
1. Tenha no celular o aplicativo Moda Livre, da Repórter Brasil, e consulte se a marca que você vai comprar tem sinal verde, vermelho ou amarelo para o trabalho análogo à escravidão. Prefira sempre o verde, claro;
2. Prefira comprar de pequenos produtores que você sabe que respeitam o direito dos trabalhadores, o meio ambiente e os animais sempre que possível;
3. Tenha o hábito de comprar em brechós – há peças usadas lindas e a prática ainda ajuda o meio ambiente;
4. Sempre que souber que uma marca que você usa foi flagrada usando trabalho análogo à escravidão, escreva para o SAC da empresa expressando sua preocupação. Isso ajuda a fazer pressão para que as marcas aumentem a fiscalização sobre seus fornecedores;
5. Leia muito sobre o tema e mantenha o radar atento para marcas que foram denunciadas;
6. Reaproveite itens que você já tem no armário. Uma visita à costureira e os blogs que indicamos podem te ajudar com isso;
7. Organize feira de trocas de itens que você não usa mais com suas amigas e vizinhas.

Os melhores blogs e páginas sobre o tema pra você seguir e fazer a diferença:

NO BRASIL
Review (moda e estilo de vida)
Blog Moda Verde (moda)
Acorda, Bonita (cosméticos)
Mode.fica (consumo consciente)
NA GRINGA (em inglês)
Ecouterre (moda)
Eco Fashion Talk (moda)
Logical Harmony (cosméticos)

ENFIM, 2.015.

As férias terminaram, as grandes dificuldades de 2.014 ficaram para trás. Enfim, 2.015 se inicia, embora ainda antes do carnaval, que marca o início oficial dos negócios no Brasil. Mas o governo já está trabalhando firme, divulgando aumentos e negando dificuldades no fornecimento de energia elétrica e de água. Só aumentos de taxas e tributos.

Nossos economistas videntes, prenunciam um ano de dificuldades e ajustes para as empresas, dentro deste cenário, que prevê crescimento de 0,5% de nossa economia.

Temos clientes que dizem ficar satisfeitos se conseguirem este crescimento, pois vem de dois anos de redução. A estes mostro o exemplo de outros clientes, que tem crescido a taxas superiores a 10% todos os anos, inclusive 2.014.

Como explicar? Fácil, as dificuldades de uns, são as oportunidades de outros. Quem consegue enxergar oportunidades no mercado, e cria estratégias para aproveitá-las, está crescendo. Os que só enxergam as dificuldades e ficam nas lamentações, estão mergulhados em problemas.

Já mostramos várias vezes que uma das dificuldades de nosso segmento de confecção do vestuário, é a falta de costureiras, principalmente novas, para substituírem as que deixam o mercado, por mudança de profissão ou aposentadoria, além do desejado crescimento. Aqueles clientes que estão crescendo, superaram esta dificuldade com uma arrojada política de RH, que retém seus principais funcionários: As Costureiras.

Agora nos deparamos com outra dificuldade, que irá atingir o Brasil em geral, a falta de energia elétrica, pela falta de investimentos e cumprimentos de prazos dos investimentos em andamento, agravados pela crise hídrica.

Qual a saída? Às empresas grandes e algumas médias do setor, que possuem contratos de demanda fixa com as concessionárias e distribuidoras de energia podem preocupar-se menos, pois na maioria dos casos tem até multas previstas para quebra no fornecimento. E as médias e pequenas, que respondem por mais de 70% da produção de roupas no Brasil? Como garantir sua produção?

O que antes era apenas uma opção de redução de custo, passa agora a ser uma questão de estratégia: Facção.

Sim, pulverizar a produção em várias regiões diferentes de uma mesma cidade ou até em várias cidades diferentes, é uma das formas de driblar as quedas de energia que teremos ainda neste ano, ou a falta de costureiras, ou a falta de fidelidade de muitas facções.

Este é outro ponto importante, e que nos interessa focar: FIDELIDADE DAS FACÇÕES.

As empresas reclamam que por trinta centavos oferecidos por um concorrente, o faccionista deixa seu produto de lado, para fazer depois deste outro, provocando atraso na entrega. Ou ainda, entrega seu produto para uma equipe menos eficiente e menos habilitada, provocando dois desvios: atraso e quebra de qualidade, que por sua vez gera outros desvios: equipe interna para consertos e consequente aumento de custos.

Resumimos as necessidades estratégicas de 2.015 numa única palavra: INOVAÇÃO.

Esta deve ser a maior preocupação do empresário de confecção. Inovar sua empresa. Rever todos os conceitos, desde o produto, coleção, marketing, política de preços, políticas de comercialização, processos de fabricação, de compras, financeiros, políticas de RH. Verificar o que está dando certo para potencializar e o que não está, para concertar.

Quem já fez, ou está fazendo esta avaliação para melhorar a empresa, já está em OCEANO AZUL. Quem não acordou ainda, está em oceano turvo ou até mesmo em um OCEANO VERMELHO.

Para onde seu negócio irá em 2.015? A decisão é sua.

A Margem de Lucro

Fui consultado várias vezes, principalmente nos últimos meses, qual é a MARGEM DE LUCRO ideal para se colocar no cálculo para o preço de venda.

Já tive oportunidade de falar em palestras e escrever em artigos que a lei máxima do capitalismo diz: Venda seus produtos pelo MAIOR preço que eles comportarem. Está máxima não é minha e consta de todos os manuais de administração do mundo. É possível aplica-la em qualquer empresa, desde que seus gestores e pessoal de criação e marketing estejam em sintonia com o mercado e a capacidade de seu produto passar “VALOR AGREGADO” ao consumidor, seja em materiais, design ou inovação. Também chamado de valor percebido.

Pela afirmação acima, já podemos depreender que não existe uma margem de lucro padrão a ser aplicada aos produtos, mas existe sim, uma margem de lucro desejada pelos investidores, ao final de cada exercício. É aquela que aparece na última linha do Balanço. Para se chegar a ela, damos a seguir um passo a passo de como fazer com nossas coleções.

Tenho exercitado com nossos clientes o que chamo de ANÁLISE DE PRODUTO E PREÇO. Ao final de cada coleção, tomamos o Ranking de vendas por produto. Com base neste ranking, peço que exponham em um lado da sala de reuniões os 20 modelos mais vendidos, na ordem de grandeza e no outro lado da sala os 20 modelos menos vendido, também em ordem. Em cada um deles, colocamos uma anotação contendo:

  1. Preço de Venda Médio (os produtos sofrem descontos conforme o negócio)
  2. Preço de custo de fabricação.
  3. Preço de Venda Líquido.
  4. Quantidade Vendida.
  5. Margem de lucro teórica.

A Primeira constatação é que os produtos bem vendidos não são os mais baratos, alguns até são os mais caros na coleção, todos, porém, tem uma coisa em comum: suas margens de lucro teórica são maiores que a média aplicada nos cálculos de custo e preço. No outro extremo, encontramos o oposto: Produtos normalmente mais baratos e margem de lucro abaixo da média usada no cálculo de custo e preço.

Convido então os presentes a falarem a respeito dos produtos e em especial, do primeiro e do último, traçando comparações positivas e negativas. Ouvimos ainda estórias sobre eles, contadas pelos criadores e gestores de produto, inclusive sobre o preço fixado para venda. Retiramos então os dois analisados e vamos aos próximos, maior venda e menor venda. Nova análise.

Ao final, construímos um quadro de características positivas e características negativas que devem ou não devem ser incorporadas ao produto de uma nova coleção, com o objetivo de criar não só campeões de venda, mas de montar uma coleção onde todos vendam bem e com uma excelente margem de lucro.

Cuidado, porém. A análise de margem só é possível quando o cálculo do custo do produto for meticuloso e a apropriação dos custos fixos for de forma correta a cada produto.

Adiante apresentamos dois quadros comparativos da marcação de preços em um de nossos clientes, para a coleção de verão em curso.

 

2-tabela-calculo de preco

 

 

 

 

 

32-tabela-calculo de preco

 

 

 

 

 

Nossa planilha de cálculo apresenta a margem obtida em outra guia. No caso acima, o produto “A”, teve margem teórica de 23,51% e o produto “B” de 17,94%.

A ilustração deixa claro a utilização de PREÇO POR VALOR PERCEBIDO ao montar a tabela de preços. Recomendamos que não lancem produtos cujo margem fique abaixo da metade da margem desejada, pois só irão gerar trabalho e pouco ganho, muitas vezes, até consumindo o ganho de outros produtos.

Como veem, margem de lucro, é um valor de mercado.

PREÇO & CUSTO

Todo empresário de confecção demonstra grande preocupação em saber como calcular o PREÇO DE VENDA de seus produtos, com medo de se equivocar e marcar um valor que lhe traga uma margem de lucro insuficiente para remunerar seu capital e garantir os investimentos que promoverão o crescimento de sua empresa.

Estes empresários se esquecem, que na verdade, o preço de venda é estipulado pelo mercado que diz quanto está disposto a pagar por seu produto. Deixemos bem claro aqui, que o que verdadeiramente está em jogo, é o mercado onde a empresa apresenta seus produtos, não o produto em si. Mercados diferentes podem oferecer valores diferentes para um mesmo produto, desde que o produto atenda os requisitos básicos de cada mercado.

Vamos exemplificar aqui. Por obra inusitada do destino, esta semana chegou-me as mãos duas saias de poliéster em estampa digital, com o mesmo modelo e a mesma estampa, porém de empresas diferentes. Colocando-as lado a lado, cobrindo a marca, nenhum dos dois empresários soube identificar a sua, aliás, ambos, achavam que as duas peças eram de suas empresas, tal era a semelhança.

As duas fábricas são de São Paulo, capital. A empresa “A”, é de uma marca conhecida, com lojas próprias em vários shopping e distribuição no Brasil o preço de venda na tabela para vender a lojistas era de R$ 54,90. A empresa “B”, com sua marca pouco conhecida, tem uma loja de atacado e também distribui no Brasil, o preço de venda na tabela era de R$ 24,90. Um consumidor do produto “A” irá pagar aproximadamente R$ 109,90 enquanto o consumidor do produto “B” pagaria R$ 49,90. Podemos bem imaginar quais são os dois mercados, mas o que nos interessa, é saber porque tanta diferença nos preços e quanto cada uma das duas empresas está ganhando.

Primeiro procuramos saber de onde provinha o tecido e descobrimos que a procedência era a mesma, sim, China, mas também do mesmo importador. Os preços eram bem diferentes e fomos entender o porque. A empresa “A”, trabalha com coleção e como o tecido é importado e pode não ter reposição futura, compra antecipado um volume que a previsão de vendas determina como necessário para atender a coleção, neste caso, 3.000 m, com prazo de pagamento para 120 dias. Tecido de 1ª linha. Como demora cerca de 90 dias para ser lançada e até fazer a venda, no momento da primeira entrega o tecido já estará totalmente pago, o empresário coloca sobre o preço do tecido um custo financeiro de 60 dias para cobrir o tempo médio de estoque até o fim da coleção.

A empresa “B”, vende em pronta entrega, mesmo na distribuição Brasil, ou seja: escolhe o tecido, desenvolve um produto, aprova, compra um lote de tecido, corta todo o lote, produz na frente 20 peças como amostra e enquanto os representantes saem vendendo, produz o restante do lote, que chega na expedição junto com os pedidos. O que sobrar manda para sua loja de atacado. No caso de nossa saia, o representante, da mesma importadora que vendeu para a empresa “A”, ofereceu para o empresário “B”, um lote de tecido estampado, ponta de estoque, com leves defeitos, em alguns lugares a estampa estava levemente borrada, com um desconte pelos defeitos e o preço era a vista.

Vamos demonstrar os cálculos e ver quem ganhou mais em % e em $.

Tecido de primeira linha com 120 dias de prazo R$ 23,62
Custo financeiro estoque de 60 dias 3,6% R$ 24,48 preço pago por empresa “A”
Tecido com leves defeitos – à vista 31,5% desc. R$ 16,17 preço pago por empresa “B”
CUSTO DO PRODUTO

Quantidade

EMPRESA “A”      EMPRESA “B”
Tecido

0,40 m

R$  9,79 R$  6,47
Zíper

1

  R$  0,60 R$  0,60
Kit etiquetas

1

R$  1,35 R$  0,65
Tag

1

  R$  0,7 0 R$    0
TOTAL MATERIAIS

 

R$ 12,44 R$  7,72
Mão de obra facção R$  5,50 R$  3,50
Gastos Gerais de Fabricação GGD

2,25(“A”) 1,30(“B”)

R$  7,80 R$  4,55
CUSTO TOTAL DE PRODUÇÃO  

 

R$ 25,74 R$  15,77
MARK UP    
Tributos 13,65% 7,72%
Comissões 12,00% 10,00%
Marketing 4,00% 0
Frete e Perdas 4,00% 1,00%
Custo financeiro sobre a venda 3,60% 1,80%
Margem contribuição(lucro teórico)

15,86% (“A”)

16,10% (“B”)

R$ 8,71 R$ 4,02

Vemos aqui que o porcentual de lucro do produto “A” é menor que o do produto “B”, porém, o valor em dinheiro é maior. R$ 8,71 contra R$ 4,02.

Procurando conter os custos, igual o empresário “B”, a margem de contribuição do produto “A” , tanto em porcentual como em valor, poderia ser bem maior.