Análise de Conjuntura do Segmento Textil e de Confecções, pós Corona Vírus.

PESQUISA ABIT

A ABIT realizou em novembro 2.019 uma pesquisa entre 188 de seus associados, sendo que 73% deles estão nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais, cujos resultados comentamos adiante.

Temos a considerar que todas as respostas e expectativas futuras, foram dadas num ambiente antes da deflagração da pandemia da corona vírus. Do total, 70% eram de empresas têxteis e 30% de confecção.

No mês de novembro de 2.019, a produção nestas empresas, em média, foi 51% maior que em novembro de 2.018. Igual índice, 51% maior, foram as vendas no mesmo período. Já o nível de emprego foi 31% menor que no período anterior, o que elevou o índice de produtividade para 45% pois ao longo de 2.019 os investimentos foram 40%maior que no ano anterior. O nível dos estoques ao fim de novembro de 2.019 eram 51% menor que em 2,018.

Olhando o desempenho ao longo do ano de 2.019, a expectativa de vendas para os meses de janeiro e fevereiro de 2.020, era de 59% acima de novembro 2.018. Número semelhante, 57% era a expectativa de start para a produção de janeiro e fevereiro de 2.020. Nesse mesmo período, para fazer frente ao crescimento da produção, pensava-se em contratar mais 22% em mão-de-obra.

Os dados acima, por si podem orientar suas conclusões, mas iremos comentar mais adiante, quando os consolidarmos com os das pesquisas que realizamos diretamente, com três segmentos específicos: 18 empresários da área têxtil, produtores de fios e de tecidos de algodão; 21 empresários do segmento de confecção, em todas as áreas de produto (bebê, infantil, moda, jeans, uniformes, privat label) e com 44 lojistas de roupa infantil, na capital e no estado de São Paulo.

PESQUISA SÃO JUDAS CONSULTORES

Nossa pesquisa não tem um cunho científico, pois a realizamos com os contatos que auferimos ao longo de nossa atuação como consultor, sem considerar uma estratificação econômica e sociológica, mas reflete ações e comportamentos reais, neste difícil momento mundial.

TÊXTIL, FIOS E TECIDOS DE ALGODÃO

Os fabricantes de fios de algodão tiveram seu último faturamento em fevereiro. 100% das empresas estão paradas, sem produção, pois os pedidos em carteira foram suspensos. Estão com estoque de MP para dois meses em média e de produtos acabados para um mês. As vendas em janeiro e fevereiro vinham com bom desempenho, mas tudo parou no início de março e estão sem expectativas para o futuro. Os produtores de tecido de algodão, tanto em malharia como tecido plano tiveram janeiro e fevereiro normais, historicamente com vendas menores. As vendas programadas para março e abril estavam dentro da expectativa, com 5% de acréscimo frente a igual período do ano anterior, porém, 80% das entregas de março e até o momento 60% das entregas de abril foram suspensas. Estão mantendo contato com clientes para saber se irão receber os 40% restantes. A linha de jeans foi a que menos sofreu. Todos concordam que as metas para este ano não serão atingidas e, se perdurar a situação de isolamento social, o segmento não conseguirá sequer atingir o ponto de equilíbrio, pois, certamente terá que rever e reduzir custos internos para adequar os preços ao momento da recuperação.

SEGMENTO DE CONFECÇÃO

As empresas consultadas têm uma variação grande em produtos e as respostas e posicionamento são díspares. Vamos apresentar respostas chave de forma segmentada.

O grupo de empresas dedicadas a moda sempre prefere manter o sigilo sobre suas ações estratégicas, razão pela qual obtivemos apenas respostas evasivas, das que responderam. Não foi possível entender como estão em relação ao momento, vendas, produção, entregas. Aparentemente estão agindo normalmente no desenvolvimento de suas coleções e mantendo seus segmentos e o nível de seus produtos, entendendo que o nível de preços se manterá pois os consumidores recuperarão seu padrão financeiro após a crise. Ressentem-se, porém, com a falta de MP importada. As poucas importadoras que estão trabalhando não têm novidades e nem sabem dizer o que e quando chegará novas importações. Outra incógnita é de como e quando farão o lançamento de suas coleções, pois notícias sobre a duração da crise não são animadoras. O segmento de private label teve negociação direta com os clientes, concluindo os pedidos em andamento e parando por completo aguardando instruções para voltar as entregas e colocar em produção os pedidos suspensos. Preocupam-se, pois a maior parte destes pedidos são de produtos de inverno e a MP já está na fábrica e em alguns casos, até pagas. Seus clientes mantêm-se em silêncio e o futuro é incerto. As empresas que se dedicam a fabricação de uniformes, em várias partes do Brasil, mudaram seu perfil de produto para a área de saúde, fazendo os aventais, capotes e máscaras, principalmente, para a grande demanda. Ocorre que a grande maioria deste trabalho é doação à sociedade local. Apenas uma das consultadas incluiu os produtos em seu portfólio, mas os preços praticados pagam apenas os custos de produção. Também tiveram pedidos cancelados ou suspensos, por clientes ligados a grandes eventos de marketing ou esportivos. Estes acreditam que na retomada a demanda será superior a sua capacidade.

Todos, independente do segmento de produto afirmam que na retomada o mercado não continuará como era. As mudanças no modelo de negócios atropelarão as operações normais e pressionarão os preços para baixo.

LOJAS DE ROUPA INFANTIL

Este segmento está localizado 60% na cidade ou estado de São Paulo e o restante espalhados pelo Brasil, pois a maioria deles atuam tanto com lojas físicas como virtuais, trazendo uma boa estratificação social. Os que atuam apenas com lojas físicas, tiveram sua última venda em fevereiro, pois suas lojas estão fechadas. As vendas virtuais caíram 70% em média. Também caíram as visitas em seus sites e mais ainda a taxa de conversão de visitas em vendas. Os que interagem com clientes, relatam uma maior procura por preços e promoções, além de solicitarem aumento da quantidade de parcelas. Ninguém, porém, abre mão da qualidade. No interior, as lojas são ecléticas e além de roupas finas oferecem linhas básicas para uso no cotidiano, nicho que aumentou muito nas vendas virtuais, mas, mesmo nestes produtos há busca por novidades e qualidade.

CONCLUSÕES

O momento é crucial para toda a sociedade brasileira e nosso segmento econômico está nele inserido. Embora não tenhamos mencionado na apresentação segmentada, há uma grande preocupação na manutenção da mão-de-obra das empresas, pois são todos especializados, treinados e já tiveram investimento das empresas sobre eles, além claro, do aspecto social.

As empresas estão buscando alternativas para equilibrarem o lado financeiro e a manutenção dos empregos, pois estão todos sem faturar e assim, teriam que lançar mão de suas reservas (quando há). A ajuda oferecida pelo governo as pequenas e médias empresas será uma atenuante, mas, e as grandes? Uma fiação ou uma tecelagem estão neste porte e passam pelos mesmos problemas de caixa das pequenas.

Isso leva a todos preocuparem-se com o futuro e sabem que precisará ser diferente. Os sobreviventes sofrerão uma concorrência acirrada por seus pares e uma pressão de clientes por preços.

Há ainda muito espaço nas empresas para um enxugamento nos processos, sejam administrativos ou produtivos, melhorando grandemente a produtividade, reduzindo custos que devem servir para ofertar preços melhores aos clientes.

Desde a fabricação de fios, passando pelos tecidos e acabamentos e chegando as confecções o empreendedor terá que rever seu modelo de negócio e seu plano de produto. A ruptura gerada por essa crise acelerará a forma de criação, produção e comercialização que as empresas passarão a adotar. A flexibilidade passa a ser o comando das ações. O trabalho planejado, as metas fixadas, os controles de resultado, mas, principalmente, a entrega do bem ou serviço da forma e no prazo prometido. Prazo esse que não poderá mais ser de 120 dias para desenvolver, 60 para vender e 30/45 dias para entregar.

O mercado lojista, seja físico ou virtual, representa a vontade do consumidor final que virá com parcas reservas financeiras em busca de produtos diferenciados, inovadores, práticos e harmonizados com a moda e com o meio ambiente, porém, dentro de um preço acessível. Assim, os criadores terão que buscar novos materiais que lhes permitam desenvolver produtos inovadores, sem agredir o meio ambiente durante o processo de fabricação, que possam ser reciclados e reaproveitados para não agredir o meio ambiente também após seu descarte, tudo isso, a um preço acessível.

A forma de apresentar, o tempo para entregar, como receber pela venda, tudo precisa ser reavaliado, pois os processos terão que ser enxutos para custar menos. Nas fábricas de confecção é comum vermos empresas com poucas pessoas produzindo, porque terceirizam seus processos que demoram na entrega e ainda retornam para retrabalhar não conformidades. Controles mirabolantes utilizam pessoas que nada agregam ao produto, mas que custam.

Este momento de parada nas atividades e negócios, pode ser utilizado em pensar e planejar as mudanças que o futuro espera. Planejar. Desde o que será feito, passando pelo como fazer, por quem fará, quando deverá estar pronto, quanto irá custar o projeto até ser colocado em prática, como a empresa financiará esse investimento, como fará a distribuição, quanto terá que vender, onde irá produzir e como tratará os clientes no pós venda.

Isso, contudo, demanda tempo e as ações são emergenciais. È preciso dividir tudo em duas etapas. A primeira, emergencial, a segunda, um projeto futuro.

A etapa emergencial, deve abranger o momento atual, sem trabalho, com ociosidade, com inadimplência alta. O governo apresentou alternativas para não demitir. Aproveite. Reduza a jornada de trabalho e sua parte de salários, busque uma alternativa de geração de renda para pagar a parte dos salários que lhes cabe. Parcela grande de empresas, mudaram suas linhas de produção para fabricar equipamento de proteção individual para profissionais de saúde. Esta é uma saída. Há outras. Encontre a sua.

O projeto futuro, segunda etapa, já está delineado em parágrafos anteriores.

Quem chegar primeiro a fonte, tomará água fresca e limpa.

Rumo a Competitividade

É Comum atualmente, ouvirmos os empresários queixarem-se das adversidades econômicas, que desaceleram seu crescimento ou até mesmo fazem regredir sua atividade. Com as vendas difíceis, os preços de venda se reduzem, achatando as margens de ganho, quando há ganho.

Com você não deve ser muito diferente. Se estes exemplos não são de seus problemas, parabéns, pode deixar de ler este material, e candidatar-se a presidente da associação industrial, para transmitir suas técnicas aos colegas.

Como você continuou a ler, vamos sugerir algumas reflexões. Rememore quantas vezes nos últimos dez dias, você foi procurado por um de seus funcionários, pedindo solução para:

-O tecido que chegou mais estreito que o padrão.

-O tecido do lote urgente, do cliente especial, está manchado e o prazo para corte estourado.

-O aviamento foi tinto fora da tonalidade do tecido e não há prazo para reprocesso.

Enquanto rememora, o telefone toca, é o gerente de vendas reclamando que ainda não recebeu o mostruário das peças especiais, para a concorrência que vai salvar a empresa. Ainda com o fone no ouvido, recebe de sua assistente financeira, os extratos das contas bancárias, a relação dos pagamentos a serem efetuados no dia e a relação dos clientes em atraso. Mal humorado, desliga o telefone e sai para dar um passeio pela fábrica.

Ao entrar no almoxarifado depara-se com o pessoal descarregando tecido de tal forma, que rasga a embalagem e suja-o, além de empilhar de forma inadequada.  Para não se incomodar, demonstra que viu, mas não fala nada e segue adiante. Ao ver um risco de enfesto, pergunta-se  de que adiantou gastar cinqüenta mil dólares em um sistema computadorizado de encaixe, para fazer um risco com tantos buracos. Não se contém, chama o encarregado, manda parar o enfesto e refazer o risco. Segue para a costura onde percebe duas costureiras cortando fios de peças prontas, em frente a máquinas parcialmente desmontadas; o mecânico explica uma causa para quebra de dois loopers, e que o motorista já está chegando com as peças, pois fazia tempo que não quebravam e o comprador achou que não devia ter estoque. Cinco metros a frente, o chão ao redor da máquina que aplica viez tem mais retalhos que seu depósito de resíduos; a costureira explica que o viez está cortado irregular, e que não dobra certo, além de ter muitas emendas para uma área tão grande de aplicação. Na embalagem, encontra uma operadora “desembalando” peças, rasgando a embalagem plástica. São as ditas peças que receberão etiqueta do cliente. Vai até a expedição para ver como está o faturamento do dia, e encontra uma fila de caixas abertas, parcialmente cheias, e com uma cópia do pedido anexada. O encarregado explica: aqui falta a cor vermelha do produto “X”, porque a fita só chega amanhã; aqui e aqui, falta todo o produto “Y”, porque a mulher da oficina foi com o filho para o médico, e não entregou o lote; neste, são só aquelas peças que o Sr. viu na embalagem, para colocar etiqueta… Seu celular está tocando, é o motorista do caminhão de entregas dizendo que, infelizmente, não conseguiu chegar no horário ao depósito do magazine, a marginal…

O que está acontecendo com sua fábrica? Com seu pessoal? Problemas sempre existiram, dificuldades sempre acontecem, mas agora, parece que tudo resolve acontecer ao mesmo tempo, coisas tão banais, e seu pessoal não enxerga. O mesmo pessoal que está há anos na empresa, sempre tão eficientes, tão solícitos, tão prestativos. Pessoas que você tanto ajudou na vida particular, agora tornaram-se relapsos, desinteressados. Será que é hora de substituí-los?

É hora de motivá-los. É hora de treiná-los para o atual momento de competitividade. Você já investiu muito tempo e dinheiro neles. Eles conhecem sua empresa melhor que você, e são capaz de “tocá-la” sem você, mas se forem substituídos, a empresa sofrerá até que os substitutos conheçam todos os detalhes de sua operação, e do seu estilo de administrar. Quantas horas de treinamento foi oferecida a sua média chefia no último ano? E seus chefes e gerentes? O chão de fábrica recebe treinamento?

Tom Peters, que foi um dos gurus da administração atual, afirma que o ideal para uma organização, é obter a média de 20 horas/ano/funcionário em treinamento.

Por certo seus problemas não acabarão, mas seus funcionários passarão a agir como agentes previsores e solucionadores dos problemas da empresa, e não como meio de transporte até o chefe, para que ele resolva.

Com os funcionários preparados, trabalhando num time coeso, com objetivo definido, sua empresa estará no rumo da competitividade.

Costureira, Profissão em extinção?

*Este artigo foi publicado originalmente em 2.013.

Precisa-se de costureira com prática em maquina pespontadeira e fechadeira, diz o cartaz fixado na vitrine da loja de roupas finas. Não, a loja não fica na José Paulino em São Paulo, embora lá se encontrem muitos cartazes como este. O cartaz a que me refiro está fixado na vitrine de uma loja na Avenida da Moda em Passos-MG, mas também poderia ser na Av. Monsenhor Tabosa em Fortaleza-CE, ou em uma das lojas dos shoppings atacadistas de Maringá-PR, Divinópolis-MG ou Brusque-SC, ou ainda em várias outras cidades brasileiras. Por onde tenho passado, o problema é o mesmo: faltam costureiras.

Tenho feito outra constatação assustadora, a faixa etária média, nas fábricas do vestuário que tenho visitado, é superior a 35 anos. Isto significa que estamos numa curva descendente na quantidade de profissionais. Vale ressaltar que em todas as cidades tenho encontrado homens, em pequeno número ainda, trabalhando como costureiro.

Porque isto está ocorrendo? O que está sendo feito para reverter este quadro de falta de costureiras?

Nos Estados Unidos, segundo a revista Exame, a indústria de confecções nos últimos 20 anos, passou de 1,6 milhão para 500 mil trabalhadores. Lá, contudo, o fenômeno tem um nome: China. Aqui, as empresas que conheço de norte a sul do Brasil e que me levaram a levantar este assunto, teriam 15% a mais de costureiras, se houvessem profissionais treinados e dispostos a exercer a profissão.

Faço questão de frisar, DISPOSTOS A EXERCEREM a profissão. Em cidades industrializadas existe uma evasão de profissionais costureiros para outras profissões, principalmente para indústria eletrônica ou mecânica, que pagam salários maiores, mas isto não é de hoje.

Na década de 70, em Joinville-SC, isto já ocorria. Naquele tempo, as costureiras procuravam os chefes para informar que a filha com 15 anos já costurava em máquina doméstica. Estas jovens, muito habilidosas, com dois dias de treinamento em máquinas industriais já eram excelentes costureiras. A indústria mecânica local descobriu então que a mão de obra feminina era mais barata e foi buscar as mulheres mais hábeis, que eram as costureiras.

O sindicato das empresas de confecção então criou um centro de treinamento que conseguiu repor no mercado os profissionais demandados. Este centro de treinamento, mais tarde foi repassado para o SENAI.

No Brasil inteiro, tenho visto várias unidades locais do SENAI serem o único a oferecer curso de costureira, com o mesmo formato do curso aplicado na década de setenta.

Também, no Brasil inteiro, tenho visto as encarregadas e gerentes de confecções, reclamarem da falta de preparo destes aprendizes. As grandes empresas do vestuário montam “escolinhas”, onde complementam o treinamento, mas o custo é muito alto e nem sempre há uma metodologia de ensino que torne o treinamento eficaz. As que despontam como melhores, ao final de três meses são contratadas como iniciantes com um salário inicial menor; são então aliciadas pelos concorrentes menores da cidade, que veem nesta prática a solução barata para seu problema.

Isto tem inflacionado os salários em algumas regiões. Conheço cidades onde uma costureira entre salário e premio de produção leva R$ 1.300,00 por mês, sem contar os adicionais como cesta básica por frequência, auxílio creche, etc.. Esse custo é proibitivo para empresas menores e a saída é lançar mão das facções não legalizadas ou cooperativas, que não tem o custo dos encargos sociais. Não por acaso, as cooperativas e facções estão na mira dos promotores de justiça do trabalho.

Os clientes da indústria do vestuário do Brasil, já sentiram esta tendência de alta nos preços em razão dos altos custos e se voltaram para o oriente. Até fabricantes tradicionais, como a empresa do ano em 2.011, segundo a revista Exame, produz apenas 52% do que vende. O restante é entregue a produtores brasileiros ou importado do oriente.

Voltando ao treinamento, única solução de curto prazo que vejo para suprir esta demanda, precisa ser revista. O sistema de produção mudou. Hoje, quase a totalidade das empresas de confecção que conheço, adotam o sistema de células de produção e medem a produtividade e pagam os prêmios para a equipe. Se antes eram as encarregadas que rejeitavam as costureiras recém-aprovadas em cursos de treinamento, hoje é o próprio grupo de trabalho que rejeita esse novo colega, pois irá comprometer a premiação do grupo.

O treinamento simples, para que o candidato a costureiro aprenda as funções da máquina e a realizar operações básicas se assemelha ao curso de alfabetização de adultos. Permite que o aluno se diga alfabetizado, leia textos simples, escreva uma carta, mas não o capacita a escrever uma redação. E é isto que se está esperando nas fábricas.

Para se ter alunos costureiros bem treinados, precisamos ter instrutores bem treinados. Grande parte dos instrutores, nunca foram funcionários de uma fábrica, principalmente, nunca foram encarregados, monitores, facilitadores ou outro nome que sê a esta função nas empresas. Não sabem o que é célula, balanceamento, cronoanálise.

Para se ter alunos costureiros bem treinados, precisamos rever o conteúdo programático do curso, incluir informação sobre trabalho em grupo, sobre a necessidade de conhecimento em todos os equipamentos, pois uma célula precisa de costureiros polivalentes, com boa produtividade e abertos a inovação. Este conteúdo, também precisa passar por operações específicas da empresa que contratará o candidato, razão pela qual aconselhamos a montagem de cursos dedicados, priorizando os materiais, as máquinas e operações da empresa contratante. É preciso diferenciar o treinamento para “operadores de máquina de costura”, aquelas onde as máquinas são automáticas e só necessitam de alimentação do trabalho, para melhor aproveitar o ciclo da máquina. É preciso dar um treinamento especial, para as máquinas com comando eletrônico, hoje utilizado apenas como máquinas que “cortam a linha” ao final da costura.

Tudo isto, contudo, pode ainda não gerar bons costureiros, se uma rigorosa seleção não for realizada. Temos que identificar pessoas com sensibilidade para serem costureiros. Esta afirmação poderá gerar polêmica, é politicamente incorreta, mas é uma realidade. Nem todos têm aptidão para jogar futebol, praticar atletismo ou qualquer outro esporte. Na profissão também. Temos vários  testes de aptidão de adolescentes para ajudá-los a escolher o curso universitário ideal. Para costureiro também já existem testes que auxiliam na seleção dos mais aptos a receberem o treinamento. Estas pessoas selecionadas precisarão estar motivadas a realizarem o curso, não só no período de estudos, mas precisam ter uma visão dos benefícios que terão quando se tornarem profissionais. O programa “Escola de Fábrica” do governo federal, em 2.005/2006, ajudou a colocar “sangue novo” na profissão. Programas semelhantes precisam estimular o futuro.

Pelo lado das empresas, a primeira coisa a ficar claro, é que nenhum aprendiz, por mais bem treinado que chegue, renderá uma produtividade de 90%. O normal que, após conhecer bem o trabalho, materiais, operações, máquinas, após uma semana, rendam 60%, evoluindo num período que pode chegar a 90 dias, para chegar ao ponto considerado normal, os 90%. Nas médias ou grandes empresas, onde já existe um setor chamado de “RH”, ainda há falta de políticas para retenção de talentos operacionais, política salarial clara, plano de carreira, PLR, ações internas que estimulem a socialização, benefícios estendidos aos dependentes como creches, etc..

Os economistas afirmam que a economia brasileira dobrará de tamanho nos próximos 4 anos. Que o consumo interno nos levará a isto. Significa que as empresas precisarão dobrar seu tamanho neste período. Precisamos iniciar já a reformulação do treinamento das futuras costureiras e costureiros, ou quem se beneficiará deste crescimento, serão as indústrias do vestuário chinês.

M E T A S (1)

Tenho recebido consultas sobre como determinar metas de produção e a fixação de valores para prêmio de produção. Muitos até me enviam dados de produtividade de suas empresas e relação de desempenho individual de seus funcionários, frisando que, apesar de tudo e dos prêmios que distribui aos funcionários, a empresa vai mal, os representantes e clientes reclamam que os preços estão altos, que as entregas estão atrasadas e os acionistas não sabem mais onde buscar dinheiro para cobrir as despesas.

Temos a dizer aos senhores empresários, que estão invertendo as ações e que estão partindo do fim para o começo.

Vamos mostrar a vocês como partir do começo para o final, com chances reais de reverter esse quadro de sangria nos recursos da empresa.

Começo com uma pergunta:

– Qual sua principal meta? A resposta parece óbvia, mas poucas pessoas acertam. A principal meta de qualquer empresa é o LUCRO.

Em nossa apostila sobre preço de venda ideal, explicamos como se chega ao lucro, e na planilha que realiza os cálculos deste preço, temos uma coluna cujo título é: LUCRO TEÓRICO.

Por que lucro teórico? Porque o lucro só ocorre depois que você consegue pagar todas as contas da empresa, aí sim, a sobra vira lucro.

Então, a principal meta de uma empresa, é saber quantas unidades de produto precisa vender para pagar as contas e ter lucro.

Traduzindo, precisamos conhecer o PONTO DE EQUILÍBRIO da empresa.

Parece fácil, e é. Desde que você disponha de informações para realizar os cálculos e obter a informação mais preciosa.

Nossa apostila também ensina como separar as contas de despesa e custeio, para determinar o CUSTO FIXO.

Esse dado, custo fixo, é facilmente encontrado nas empresas, pois advém de dados contábeis, que com mais ou menos esforço são informados pelo setor ou escritório de contabilidade. Na dúvida, nossa apostila/planilha mostra quais são as contas.

Outro dado importante é a MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO que cada produto traz para ajudar a pagar as contas. Não deve ser confundida com a margem de lucro. A margem de contribuição é um valor bem maior e quem trabalha com fichas ou planilhas de custo individual, possui essa informação, que também está presente em nossa apostila/planilha CUSTO IDEAL.

Essa MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO é o divisor do CUSTO FIXO e o resultado é o PONTO DE EQUILÍBRIO.

Vamos exemplificar. Uma empresa tem como custo fixo um valor de R$ 60.000,00. A média do preço de venda é de R$ 50,00 por unidade vendida, que trazem como margem de contribuição média R$ 15,00.

Ao dividirmos R$ 60.000,00/R$ 15,00, temos como resultado 4.000 unidades. Esse é o ponto de equilíbrio. Precisamos vender 4.000 unidades para pagar todas as contas.

O ponto de equilíbrio, é chamado no linguajar popular como “zero a zero”, porque só paga as contas, não traz o lucro que é a meta da empresa.

Temos então que encontrar a quantidade que possa nos dar um lucro além de pagar a conta. Uma boa margem de lucro a se desejar é de 15,0% do faturamento.

Usando os mesmos dados do exercício anterior, temos que:

4.000 unidades (ponto de equilíbrio) multiplicado pelo preço médio de R$ 50,00, temos um faturamento de R$ 200.000,00, que equivale a 85%. (100%-15% (margem de lucro) = 85% valor do ponto de equilíbrio). Logo, o faturamento esperado será de R$ 235.294,11, que no caso será o faturamento desejado para se ter um lucro de 15%.

Agora vamos finalmente saber qual será nossa meta em unidades.

R$ 235.294,11 (faturamento)/R$ 50,00 (preço médio unitário), teremos, 4.706 unidades.

Todo esse cálculo foi realizado pelo setor financeiro. Vamos agora mostrar essa quantidade para o setor comercial.

O gerente comercial diz, nosso mercado só absorve 3.800 unidades.

Este é um novo cenário, que ocorre com frequência nas empresas e abre inúmeras possibilidades e ações sobre as quais poderemos versar em outra oportunidade.

Vamos ficar com o número obtido de 4.706 unidades como meta para se obter uma margem de lucro de 15% sobre o faturamento.

Na próxima, falaremos sobre metas comerciais.

Locomotiva em Movimento

É inequívoco que a indústria automobilística é a locomotiva da economia brasileira. E ela está se movendo num movimento “retilíneo uniforme”. Os dados adiante, demonstram a evolução dos licenciamentos no primeiro quadrimestre do ano, comparando com o mesmo período do ano passado, mostrando um crescimento de 20% no acumulado.

JAN FEV MAR ABR
2.018 154.303 133.063 176.364 184.677
2.017 127.106 117.500 164.203 134.570

 

Fonte: Denatran

A cadeia de produção automobilística é vasta e os salários dos metalúrgicos estão entre os maiores do país. Por certo, o consumo promovido por esta classe de trabalhadores fomentará um circulo virtuoso com efeito dominó ao contrário, elevando a economia como um todo. A que se deve esse crescimento? Certamente a um mix de ações em desenvolvimento de produtos e marketing, apoiados pelo fomento financeiro com ampla oferta de crédito. Mas não iremos estudar a indústria automobilística, e sim, os efeitos deste crescimento em nossa economia.

O segmento Têxtil e de Confecções vem amargando uma estagnação desde 2.015; Parcela significativa de médias e pequenas empresas, investiram tudo que dispunham no desenvolvimento de novas coleções e em formas sutis de comercialização, mas os lojistas reticentes, reduziram volumes de compras, pois nosso inverno insiste em não se apresentar, mesmo assim, os confeccionistas estão na reta final de entregas e na apresentação da coleção de verão.

Qual a estratégia de comercialização dessa nova coleção? E qual o planejamento interno desenvolvido para dar suporte a esta comercialização?

O histórico de nossas empresas, ou de parte significativa delas, é de que se coloca uma coleção na praça e fica-se na torcida para que tudo dê certo e as vendas aconteçam.

Voltemos ao início de nosso relato. É assim que age a indústria automobilística? Com certeza, não.

Tudo, desde a pesquisa para lançamento de novos produtos é meticulosamente planejada, bem diferente de nossas estilistas e diretoras de criação, que quando encontram um tecido importado de bom apelo, carregam a quantidade de modelos que o utilizam e quando a fábrica vai as compras, o estoque do importador acabou e a venda, tão difícil, fica sem entrega.

Olhem para dentro de suas empresas. Com algumas variações, o cenário é semelhante.

Nossa indústria de confecção precisa aprender a planejar. O sucesso de uma coleção, começa de quatro a seis meses antes do primeiro croqui ser desenhado. O departamento financeiro precisa definir o volume financeiro que a empresa necessita para fazer frente as suas despesas, investimentos futuros e o lucro. Com base na informação financeira, o setor comercial traça sua estratégia e informa ao desenvolvimento o mix de produtos que precisa, o target de preços e o volume que venderá. A partir da informação comercial, o departamento industrial fara seu planejamento, definirá os volumes e os recursos necessários para cumprir os prazos de entrega; Já é possível então o financeiro planejar agora o fluxo de caixa para o capital de giro e apresentar aos acionistas os momentos de sufoco financeiro ou da necessidade de aporte de capital.

Pronto, a coleção pode ser criada, atendendo as especificações comerciais, mas, agora começa o planejamento de marketing, definindo os produtos que serão trabalhados, os meios a serem utilizados, as campanhas, os catálogos, enfim, tudo que se faz necessário.

Enquanto a coleção é gestada, o comercial afina o discurso com os representantes, o industrial ajusta o treinamento das equipes de produção, interna e ou externa, o financeiro orienta compras quanto a prazos e valores orçados para comprar.

A coleção ficou pronta. Convenção, muita festa, pompa e pronto. Pronto? Agora começa outro trabalho e muito importante. O acompanhamento do plano. Marcação cerrada e correção imediata dos desvios. Hora de medir a produtividade, de vendas, de fabricação, de faturamento, de cobrança. Vender, entregar, receber. Esse é o ciclo.

Os sinais de aquecimento da economia brasileira em 2.018, estão presentes. Sua empresa de confecção está preparada para aproveitar com sucesso esse momento?

Costurando Qualidade

Temos recebido várias consultas sobre costuras repuxadas, franzidas, esgarçadas e outras formas de defeitos observados em peças industrializadas. Todos estes defeitos, visíveis até em lojas de grife nos shopping centers, são fruto do descaso nas salas de costura de nossas fábricas, e da pouca preocupação dos gestores com a satisfação dos consumidores: A qualidade.
O cotidiano de nossas confecções é uma correria que inicia com o expediente da fábrica. A primeira preocupação do gestor industrial é: quantas faltas tivemos hoje? O que, ela faltou também? Quem vai fazer aquela operação que só ela sabe fazer…
Deixemos, contudo, detalhes administrativos para seguirmos firmes em detalhes técnicos, que o gestor acaba não “tendo tempo” para ver e resolver, justamente em razão dos detalhes administrativos que tomam seu tempo.
Vamos enumerar os defeitos citados acima:
1. Costura repuxada. Comum em modelos de tecidos finos, principalmente em costuras longas de saias, calças ou mesmo blusas/batas nas laterais. Motivo: costura com regulagem errada de ponto. Ainda podem haver outros detalhes que contribuem para esse defeito: Espessura da agulha em desacordo com o tecido utilizado; em desacordo com a linha utilizada; linha não recomendada; tamanho do ponto (quantidade de pontos por centímetro); tensão das linhas de costura. Este último é o fator mais importante em uma regulagem de ponto. A máquina ideal para fechamento de tecidos finos em costuras longas é a que realiza o “ponto cadeia”, também chamada de overloque ou até como interloque quatro fios ou ainda, ponto falso.

Permite regulagens de pontos com menos tensão nas linhas sem ficar uma costura aberta.
2. Costura franzida. Parece semelhante a anterior, mas tem causa diferente. Ocorre apenas com uma das partes do tecido, num exemplo de calça, na parte da frente o tecido está todo liso e na parte de trás, fica franzido em uma das extremidades, na superior ou na inferior. Motivo: Isso ocorre quando a costureira junta as duas partes de forma natural até 80% do fechamento e então percebe que uma das partes é mais longa que a outra. Para não perder serviço (desmanchar), estica a parte mais curta alinhando as extremidades. Mais tarde, ao repousar, a parte esticada retorna ao comprimento anterior franzindo a parte que era maior. As costureiras experientes, resolvem este problema, distribuindo esta diferença (se for de até 1,5%), ao longo de 100% da costura, onde a diferença será absorvida sem apresentar franzimento. Diferenças maiores precisam ser recortadas, avaliando-se se isto não alterou o comprimento da peça, que pode cair um tamanho. O correto é verificar o molde das partes e se eles estiverem corretos, observar as operações de enfesto ou de corte que podem estar causando o defeito.
3. Costura esgarçada. Muito comum em tecido plano, mas também pode ocorrer em tecidos de malha. Pode ser causado por agulha e linha grossa, para o tecido em uso, quando plano, ou parecer costura aberta e ponto corrediço quando em malha. Ambos os casos apresentarão uma costura abaloada, sem caimento e, se sofrerem esforço, irão descosturar ou abrir no local. Motivo: regulagem errada do ponto, da tensão da linha das lançadeiras, ou mesmo da agulha. Um ponto com as tensões desequilibradas.
Todas as ocorrências enumeradas, dependem de pessoas com conhecimento para ajustar os pontos de costura, quase sempre o mecânico. Hoje há muita falta deles, pois mecânico de máquina de costura não pode ser um simples ajustador de máquina, mas precisa entender muito de costura para saber fazer estas regulagens e ensinar as costureiras a fazê-lo, pois são atividades simples, mas que requerem muito conhecimento. Mesmo pequenas empresas de confecção precisam de um profissional assim, com bastante disponibilidade e conhecimento.

O Mercado e o Lucro

O mercado de confecção no Brasil atual, vem caindo a números preocupantes. Os gestores das empresas industriais de confecção têm buscado soluções, mas sempre esbarram nas respostas de seus gerentes comerciais e representantes: O mercado está restritivo, as lojas não estão vendendo, e também não estão comprando. Na sequência, vem mais uma, os preços…
Lá dentro, você já fez de tudo, negociou tecidos, convenceu suas estilistas a serem racionais, conseguiu melhorar a produtividade, até alguns custos fixos foram reduzidos e, o pior, reduziu a margem de lucro. E o preço ainda está alto? O que fazer?
No artigo que indicamos para leitura, no link adiante, há uma frase que muito se aplica às nossas empresas. “As empresas sempre acham que vão sobreviver à crise e só buscam ajuda quando a situação está insustentável”, diz a advogada Juliana Bumachar.
É importante entender que a economia mundial mudou, como também mudaram as formas de se fazer negócio. O preço dos produtos, mais do que nunca, passa a ser um detalhe quando o produto em si se torna necessidade para o comprador. No nosso caso, precisa ser necessidade para o consumidor final, ficando o lojista apenas como intermediário, porém, é ele quem irá levar nosso produto àquele consumidor. Então, nosso produto precisa levar algo mais do que entregamos até hoje.
A economia brasileira ceifou vários clientes pela incapacidade de manutenção de seu negócio. Alguns novos têm surgido, mas perecem na aprovação de crédito. A maioria dos antigos clientes reduziram seu volume de compra.
Isso significa que, mantendo as condições atuais as empresas estão vendendo menos. Estão encolhendo.
A estas empresas, resta dois caminhos: Encontrar uma forma de aumentar suas vendas ou admitir o encolhimento e diminuir o tamanho da empresa.
Qualquer uma delas é de difícil aplicação. A primeira necessita de uma série de análises e tomadas de decisão estratégicas e até de pequenos investimentos, para oferecer boa probabilidade de acerto. A segunda, é cortar na carne. Também com muita análise decidir onde pode ser reduzido custo, para que a empresa atravesse estes tempos difíceis.
Podemos ajuda-los. Consulte-nos.
O link adiante oferece um artigo publicado no blog Indústria Têxtil e do Vestuário. Copie e cole no seu navegador.
http://textileindustry.ning.com/forum/topic/show?id=2370240%3ATopic%3A725556

Já Planejou 2.016

No início deste ano de 2.015, lançamos um artigo falando das dificuldades que o setor de confecções enfrentaria neste ano, pois o crescimento da economia brasileira seria de apenas 5%. Pois bem, erraram os prognósticos. Encolhemos quase 3%, isso driblou um grande vilão de 2.015, a falta de energia elétrica, que mandou aumentos insuportáveis em suas taxas.
Em conversas com empresários do setor e alguns clientes, este foi o pior ano de que recordam. Houve quem perdeu até 30% nas vendas, em comparação com 2.014 que já tinha sido ruim. Dívidas estão se acumulando.
Neste cenário dois de nossos clientes estão satisfeitos. Um deles teve crescimento de 0,08% ou praticamente manteve-se igual ao ano anterior. Outro teve pequeno crescimento de 2,0 %. Como estas empresas conseguiram isto? São muito pequenas onde qualquer ação dá excelente resultado? Tem um produto diferenciado de grande aceitação? Não. São empresas médias com produtos comuns de moda, faturando entre 20 e 50 milhões no ano. A diferença, é que eles trabalharam muito em estratégia.
No final de 2.014, quando todas as ações levaram a um crescimento pífio, perceberam que tinham que traçar novas estratégias para 2.015. Vários planos foram traçados, desde consulta a clientes até ações internas com funcionários, melhorando a produtividade e evitando demissões. Na área de produto, pesquisas com materiais de melhor custo, reavaliação dos processos com o mesmo objetivo e oferta de uma nova linha de produtos, com a mesma marca, porém, com preços mais atrativos. Aliado a isto uma nova força comercial foi colocada em campo, desbravando novos mercados e agindo de forma agressiva nos mercados consolidados.
O resultado, foi um crescimento de volume vendido próximo a 10% e crescimento financeiro entre 3 e 5%. Com as perdas normais de processo, o resultado final previsto para o DRE é o já colocado.
Análise de cenários, pesquisa de mercado, planos de ação, planejamento, acompanhamento. Foram estas as ações que levaram ao resultado.
Sua empresa também pode reverter ou melhorar acentuadamente o resultado para o ano de 2.016. Vamos dar um passo a passo:
1. Avalie detalhadamente o que ocorreu com as vendas em 2.015. Os clientes reduziram a quantidade comprada? Tiveram dificuldades com pagamentos? Seus representantes cobrem todos os mercados possíveis para seu produto? Quantos clientes novos foram abertos? Como é a ação de acompanhamento do seu setor comercial.
2. Avalie seu setor de desenvolvimento de produto. Quanto custa cada produto lançado? Quantos produtos lançados, sequer pagam o custo do desenvolvimento? Sua coleção poderia ter menos produtos e com melhor desempenho? O custo do desenvolvimento pode diminuir? O mostruário foi entregue na data marcada aos representantes?
3. Avalie seu setor de produção. As entregas foram feitas em dia na coleção atual e na anterior? A qualidade foi satisfatória? Os fornecedores mantiveram preços e garantiram entregas? Seus funcionários deram a produtividade esperada?
4. Avalie também o desempenho de seu setor financeiro. As metas estipuladas para vendas cobrem o custo operacional? Há rigidez no acompanhamento e controle do GGF (gastos gerais de fabricação)? Há um orçamento geral e controle orçamentário? A análise de crédito tem coibido a inadimplência?
Estas são ações básicas de administração que devem ser aplicadas em sua empresa. Das respostas a estas perguntas, deverá nascer um plano de ação para buscar o resultado.
Muito do que ocorre na economia brasileira, é fruto da inércia administrativa. Os boatos e verdades sobre a economia, fazem o empresário acreditar no pior e nada fazer para melhorar. Empreendedor é o que analisa e agride o mercado. Sua empresa chegou onde está por suas ações empreendedoras e isso não pode parar agora, quando uma situação adversa se avizinha.
Faça um relatório respondendo a todas as perguntas acima e envie para nosso e-mail, sjconsultores@sjconsultores.com.br, que responderemos com sugestões de ações a serem implantadas, no planejamento de ações para 2.016.

E. M. C. – VALORIZAR O SER HUMANO, DÁ LUCRO

A indústria de confecção do vestuário, no mundo e mesmo no Brasil, não tem sido um exemplo de valorização do ser humano. A esse respeito reproduzimos em nosso site um artigo internacional intitulado, MODA A QUALQUER CUSTO.

Mas aqui no Brasil e também no mundo, muitas empresas estão trabalhando no sentido oposto, embora ainda poucas no nosso segmento de confecção do vestuário, valorizando o capital humano.

Quando visitamos empresas ou em conversas com empresários deste setor, sempre ouvimos queixas das dificuldades encontradas em razão da falta de cooperação dos funcionários, da baixa produtividade, das exigências trabalhistas em segurança e higiene, das obrigações sociais em geral. A queixa maior recai sobre as costureiras, onde se concentra o maior grupo de mão de obra da fábrica e que, em razão da dificuldade crescente para contratá-las, os salários estão subindo.

As empresas organizadas do setor e aquelas que já alcançaram o status de grife poderiam crescer mais (mesmo com a crise) e se não o fazem é justamente por falta de costureiras. Algumas se servem de importação com sua marca, para poderem atender a demanda, mais do que na busca de preços competitivos.

Quem está investindo em costureiras no Brasil? Quantos jovens em busca do primeiro emprego são atraídos para os parcos cursos de treinamento oferecidos em algumas unidades do SENAI no Brasil? Há cursos que fecham com vagas, outros que nem são iniciados por falta do número mínimo de candidatos. Por quê? Por falta de salário atrativo. Vemos então salas de costura com faixa etária média de 35 anos, com máquinas equipadas com dispositivos ou comandos eletrônicos e digitais, que, quando são utilizadas, fazem apenas a operação de cortar fios, porque estes funcionários não são familiarizados com equipamentos digitais e tem dificuldade em aprender.

Perguntamos a estes empresários, quantas reuniões motivacionais seu RH realiza com as costureiras por mês? Como vocês medem o desempenho técnico e produtivo individual e de equipe? Qual programa de retenção de talentos aplica? Como são os níveis salariais no plano de cargos e salários? (este plano costumo chamar de CARAS E SALÁRIOS, pois é assim que se determina o valor do salário de costureiras).

Temos que começar a pensar, também na indústria de confecção do vestuário, qualquer que seja o tamanho, que sem as costureiras as empresas não sobrevivem, não crescem. As outras funções também são importantes, mas nelas é possível a utilização de máquinas automáticas, ou até robôs, necessitando apenas de operadores. Na costura, não. É manufatura. São pessoas orientando as máquinas, principalmente em moda feminina.

Qual curso técnico existe para formação de costureiras(os)? Para instrutores? Como se faz para obter mais produtividade das células de costura?

Quanto mais longe de São Paulo estejam as fábricas, menos técnica de trabalho são utilizadas. Posso afirmar isso porque conheço fábricas no Brasil inteiro. Claro, há empresas altamente desenvolvidas em todos os estados, mas as médias e pequenas, as facções, estão ainda na pré história. Mesmo no Rio de Janeiro, onde existe a melhor escola técnica do segmento, as empresas engatinham tecnicamente. Por quê?

Nestas mesmas empresas, de norte a sul, vemos costureiras que inventam suas ferramentas ou dispositivos auxiliares, com papelão, fita adesiva, clipe, uma infinidade de materiais, algumas vezes até reprimidas pela chefia, mas seus inventos não são aperfeiçoados, suas técnicas não são aproveitadas por outras operadoras, porque elas não são ouvidas.

Em todas as empresas que atuamos, sempre que reunimos grupos de costureiras para discutir problemas de qualidade ou de produtividade, fomos surpreendidos com sugestões aplicáveis às operações, com baixo ou nenhum custo adicional.

Este é o capital humano que precisamos em nossas empresas. Temos que captar estas contribuições e transformá-las em ganhos para a empresa e para os funcionários.

A melhor forma de fazer isto, é criando e disseminando a cultura colaborativa, através dos EMCs. Equipes de Melhoria Contínuas.

São grupos de cinco a sete pessoas da mesma área ou áreas afins, que desenvolvem voluntariamente atividades contínuas de melhoria e inovação. As características destes grupos são a voluntariedade, autonomia, continuidade, objetivo comum, respeito a individualidade, consenso, cooperação. Eles formam times com sinergia positiva, que por meio do esforço coordenado e voluntário, os torna apaixonados pelo que fazem.

É uma gestão sistêmica. As empresas nomeiam um gestor, normalmente da área de RH, que é treinado para disseminar a ideia dos EMCs, e a treinar os participantes em técnicas de reunião, metodologia de PDCA, Brainstorming, diagramas de causa e efeito, utilizados para gerenciar os projetos de melhoria e a medir os ganhos obtidos, sejam financeiros, sociais ou ambientais. Em uma média empresa de confecção, acompanhada em 2.008/09, o ganho financeiro dos projetos superou 200 mil reais em 12 meses, e a produtividade média aumentou em 20%, este o maior ganho. As equipes, claro também ganharam e esta é mais uma das atribuições do gestor: medir e pontuar os projetos para posterior recompensa. O absenteísmo e o turnover também reduziram, como efeito colateral.

A São Judas Consultoria, disponibiliza treinamento para gestores de EMCs, in company ou promovidos por instituições regionais, para potencializar o ganho com investimento em capital humano.

Tadeu Bastos Gonçalves

tadeu@sjconsultores.com.br

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MODA A QUALQUER CUSTO

Estou reproduzindo aqui um artigo publicado no blog http://textileindustry.ning.com/forum/topics/moda-a-qualquer-custo-1?xg_source=msg_mes_network, por achar oportuno.

Moda a qualquer custo
Fomos até a China para te mostrar que mortes e penúria são o verdadeiro preço das roupas baratinhas que você compra por aí
por CAROLINA OMS
Com Nana Queiroz e Asia Maria**
e colaboração de Helena Bertho
Da China, dos Estados Unidos, de São Paulo e de Brasília
Ilustração: Bárbara Malagoli
Na região do mercado de tecidos, na província de Guangzhou, na China, brincadeira de criança é virar vestido do avesso pra ficar mais fácil de pregar as alças. Enquanto as mães trabalham na costura e os pais carregam caixas, as crianças parecem até se divertir apostando entre elas quem vira a maior quantidade de peças.
Família, infância e trabalho se misturam para produzir rápido e barato as roupas que abastecem prateleiras no Brasil e no mundo. Às onze da noite, o trabalho e o calor seguem sem sinais de alívio. O termômetro costuma oscilar em torno dos 30 graus e a umidade e o abafamento dentro das oficinas, além da ausência de equipamentos próprios para o trabalho, levam os chineses a trabalharem sem camisa, de chinelos ou descalços. A janta é servida ao lado da máquina de costura. Assim é mais rápido.
Agindo como um possível comprador, a reportagem da Revista Azmina visitou bairros, confecções e intermediários da indústria da moda na China. Encontrou pessoas morando no local de trabalho e banheiros fétidos com um balde no lugar da torneira (veja mais detalhes na galeria de fotos). As visitas foram autorizadas e as condições deixaram no ar a pergunta: “Se este é o lugar que eles escolheram mostrar, o que pensar das confecções que escondem?”
Leia mais: Estilista brasileira vai à fábrica na China, vê como suas peças são produzidas e questiona todo o sistema da moda
O cenário em nada lembra a riqueza ostentada nos prédios das empresas que fazem a intermediação entre os produtores chineses e os compradores estrangeiros, as chamadas traders. Em uma delas, duas enormes portas guardam o acesso da recepção. Caminhando pelo piso espelhado, os compradores encontram o melhor da China capitalista. Mesas de mármore, sofás de couro, valiosos vasos chineses. Tudo nas proporções monumentais de um país continental.
Os valores transacionados nesses prédios são igualmente impressionantes. Em um ano, a indústria da moda movimenta US$ 3 trilhões no mundo. Enquanto a maior parte dos lucros está nas mãos dos acionistas das grandes cadeias de moda nos Estados Unidos e na Europa, o trabalho e o custo ambiental foram terceirizados para a Ásia, que é responsável por 70% da produção mundial de fios, tecidos e confecções. China e Hong Kong se destacam gerando cerca de 30% da produção mundial de têxteis e vestuário.

Mesmo no Brasil, que conta com uma vasta cadeia produtiva, com 33 mil empresas e 1,6 milhão de empregados, a importação cresceu 170% em dez anos, atingindo US$ 2,5 bilhões em 2014, segundo dados reunidos pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Os casos de trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão mostram que a cadeia nacional está longe da unanimidade no respeito aos direitos humanos. Mas mesmo uma breve pesquisa sobre as condições nos principais países produtores da Ásia mostra quão avançada é a nossa legislação e o quanto nós não sabemos como são feitas aquelas roupas que compramos porque “o preço estava ótimo”.

“Na China, a lei é a mínima proteção possível para um trabalhador, já que as fábricas frequentemente violam a lei enquanto buscam agradar às marcas internacionais de fast fashion”, conta PinYu Chen, diretora de projetos da Sacom, ONG de Hong Kong que fiscaliza como grandes corporações tratam os trabalhadores no país. Fast Fashion (ou “moda rápida”) é o nome dado aos grandes varejistas de roupas, como Zara, H&M, Renner e C&A, que procuram produzir rápida e continuamente moda a preço mais acessível. O problema é que, na maioria das vezes, o ônus de um preço menor e uma produção maior recai sobre o trabalhador e o meio ambiente. O custo não desaparece, só se transforma em custo social e ambiental.
Depois de pressionadas por seus consumidores, muitas marcas passaram a fazer auditorias para fiscalizar as condições de trabalho de seus fornecedores. Mas inúmeros especialistas e organizações afirmam que, como avisam as empresas sobre as vistorias com antecedência, os inspetores dão tempo para que os gerentes das fábricas empurrem a sujeira para debaixo do tapete antes que cheguem. Uma investigação independente da Socam descobriu que os fornecedores da Uniqlo (marca japonesa global de roupas de inverno) chegavam a trabalhar 308 horas por mês – quase 19 horas por dia, sem finais de semana. “O pagamento por cada peça é normalmente tão baixo que os funcionários não têm outra alternativa senão aceitar trabalhar muitas horas para ganhar o mínimo suficiente para viver com dignidade”, conta Chen.
Problema global, solução global
A mera existência das auditorias, no entanto, já torna a China um lugar melhor para se trabalhar se comparada a países ainda mais pobres, com legislações trabalhistas insignificantes e constante desrespeito aos direitos humanos. Em 2013, donos de confecções em Bangladesh ignoraram a ordem de evacuação de um prédio com profundas rachaduras nas paredes. No dia seguinte, 1127 pessoas morreram enquanto costuravam roupas para marcas como H&M e Benetton.
O caso inspirou o documentarista Andrew Morgan a viajar pela China, Camboja, Bangladesh e Índia para descobrir o “verdadeiro custo” das roupas que usamos, uma tradução livre do nome do seu documentário True Cost (disponível e recomendado no Netflix). Em cada país, o desrespeito aos direitos humanos e ao meio ambiente se repetia. “A indústria da moda terceiriza sua produção e a única coisa que importa é o lucro. Se um país passa a ter uma legislação trabalhista um pouco mais rígida ou salários maiores, a produção é transferida para outro lugar”, contou ele em entrevista para AzMina.

THE TRUE COST: O filme de Andrew Morgan, está disponível no Netflix e é um belo caminho para saber mais sobre o tema e se deixar tocar. O cineasta passeou por Bangladesh, EUA e Camboja para mostrar o lado negro da cadeia da moda.
Para romper com esse sistema que ele chama de “pesadelo perfeitamente elaborado para os trabalhadores”, o cineasta defende leis mais rígidas de importação nos Estados Unidos e na Europa, principais destinos das roupas. “É possível atuar por meio de acordos comerciais internacionais e de leis de importação mais rígidas. Nas economias desenvolvidas, podemos ter muito mais proteção ambiental e trabalhista, mas nós permitimos que o sistema fosse levado somente pela busca do lucro.”
Leonardo Sakamoto, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e fundador da ONG Repórter Brasil, que fiscaliza uso de trabalho escravo no Brasil, também acredita que o problema exige soluções que ultrapassam as fronteiras dos países. “Se a exploração é global, o combate também deve ser”. Ele defende acordos internacionais que exijam auditorias nas condições de trabalho e ambientais e a criação de mecanismos para punir empresas que superexploram trabalho, como bloquear as importações das que não fiscalizam seus fornecedores ou que foram flagradas com trabalhadores em condições degradantes.

Do outro lado há uma pessoa
Quase 21 milhões de pessoas são vítimas de trabalhos forçados no mundo, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Estima-se que esses trabalhadores gerem 150 bilhões de dólares em lucros. A OIT e o Brasil, no entanto, possuem entendimentos e termos diferentes para se referirem à questão. A OIT chama de “trabalho forçado” situações em que existe violência ou intimidação contra o trabalhador, servidão por dívidas, retenção de documentos e ameaças de denúncia às autoridades de imigração.
Um dos últimos países a abolir a escravidão legalizada, o Brasil escolheu relembrar seus horrores ao chamar de “Lista suja do Trabalho Escravo” um cadastro com as empresas flagradas. O mecanismo foi criado em 2003 e é referência no mundo todo. Entre os grandes produtores de vestuário e tecidos, o Brasil é o único que fiscaliza e responsabiliza as grandes empresas cujos fornecedores se utilizam de trabalho análogo à escravidão.
Além disso, o Brasil vai além das definições da OIT e do resto do mundo e afirma que não é somente a ausência de liberdade que faz um trabalho escravo, mas sim de dignidade. O código penal brasileiro considera que as seguintes condições, encontradas juntas ou isoladamente em um local de trabalho, configuram trabalho análogo à escravidão: condições degradantes de trabalho que coloquem em risco a saúde e a vida do trabalhador; jornada exaustiva a ponto de causar danos à sua saúde ou risco de vida; trabalho forçado e servidão por dívida.
Recém chegadas, as bolivianas Malena* e Maria* sofreram quase todas essas situações em uma oficina de costura em São Paulo. Atraídas por um falso salário de 1,5 mil reais, mãe e filha ficaram trancadas por um mês em uma casa suja onde trabalhavam por quinze horas ao dia nas máquinas de costura, eram acordadas aos gritos e não recebiam nem mesmo água potável ou papel higiênico em quantidade suficiente. A cada semana, o patrão prometia um valor ainda menor por peça costurada e, depois de um mês, o pagamento não chegou. Após uma intensa discussão, o empregador as deixou ir embora.

ILUSTRAÇÃO: Bárbara Malagoli
Quando elas retornaram com a polícia, no entanto, ele havia levado os outros trabalhadores a uma churrascaria e prometido melhores condições. Todos negaram as irregularidades, deixando-as sem pagamento ou direito ao seguro desemprego concedido a trabalhadores resgatados – inclusive aos estrangeiros. Desde julho, enquanto aguardam os resultados de uma ação judicial contra o antigo patrão, elas procuram emprego. “Se não acontecer nada até novembro, eu volto. Meu marido está lá trabalhando, cozinhando e eu aqui não consigo nada”, diz Maria, com os olhos marejados.
Histórias como a de Malena e Maria não são raras na indústria da moda. “Quando revelamos que a maioria dos trabalhadores dessas fábricas são mulheres, conquistamos mais simpatia dos consumidores. Mas não queremos simpatia, queremos poder!”, diz Sochua Mu, ativista de direitos humanos. Sochua atuava no Camboja, mas hoje está exilada nos EUA depois de ter sua prisão decretada por “insurgência” de trabalhadoras do mercado da moda. “Temos que convencer as trabalhadoras a liderarem as conversas nos sindicatos e criar uma rede de ação global de mulheres contra a escravidão moderna, fazendo pressão para que as grandes marcas subcontratem apenas bons fornecedores”, defende.

Seja a mudança
Consumidores podem fazer parte da mudança repensando alguns hábitos na hora de comprar. O primeiro passo é se informar. Um aplicativo da Repórter Brasil chamado Moda Livre, acessível no celular ou no computador, pode te atualizar sobre o assunto em pouco cliques. A partir daí, você pode se recusar a comprar, difundir a informação e questionar sua marca favorita sobre o assunto. Depois de filmar True Cost, Morgan passou a comprar menos e de maneira mais consciente. “Toda vez que compramos algo, mandamos uma mensagem. Se deixamos de comprar, se reclamarmos, pressionamos as marcas a agir diferente”, diz ele.
A C&A, por exemplo, tem “sinal verde” no aplicativo Moda Livre porque fiscaliza de maneira constante e sem aviso prévio as suas fornecedoras para garantir que elas cumpram a legislação ambiental e trabalhista do país onde estão instaladas. Mas Marina Colerato, fundadora do site de consumo consciente Mode.fica, avalia que nenhuma empresa de fast fashion possui uma cadeia de fornecedores à prova de críticas. “O fast fashion em si não é sustentável. A C&A, por exemplo, tem fornecedores em países asiáticos onde as leis são muito mais falhas que no Brasil”.
Em nota, a C&A disse que as auditorias verificam uma lista com mais de 110 itens relativos à saúde e à segurança dos trabalhadores, pagamento de salários e jornada de trabalho de acordo com a legislação trabalhista ou convenção coletiva. As auditorias também comprovam, garante a empresa, a ausência de trabalho infantil ou análogo ao escravo, liberdade de associação, não discriminação e não existência de situações de abuso ou assédio no local de trabalho.
Pequenas ações de muitos consumidores, acredita Sochua, podem fazer toda a diferença. Basta entender que não se trata apenas de comprar uma peça de vestuário, mas de mudar infâncias, vidas, dignidade e liberdade de pessoas como ela.
*Nomes fictícios
** Protegemos a identidade desta repórter com um psedônimo para evitar retaliações contra ela

Sete passos para fazer seu pouquinho:
1. Tenha no celular o aplicativo Moda Livre, da Repórter Brasil, e consulte se a marca que você vai comprar tem sinal verde, vermelho ou amarelo para o trabalho análogo à escravidão. Prefira sempre o verde, claro;
2. Prefira comprar de pequenos produtores que você sabe que respeitam o direito dos trabalhadores, o meio ambiente e os animais sempre que possível;
3. Tenha o hábito de comprar em brechós – há peças usadas lindas e a prática ainda ajuda o meio ambiente;
4. Sempre que souber que uma marca que você usa foi flagrada usando trabalho análogo à escravidão, escreva para o SAC da empresa expressando sua preocupação. Isso ajuda a fazer pressão para que as marcas aumentem a fiscalização sobre seus fornecedores;
5. Leia muito sobre o tema e mantenha o radar atento para marcas que foram denunciadas;
6. Reaproveite itens que você já tem no armário. Uma visita à costureira e os blogs que indicamos podem te ajudar com isso;
7. Organize feira de trocas de itens que você não usa mais com suas amigas e vizinhas.

Os melhores blogs e páginas sobre o tema pra você seguir e fazer a diferença:

NO BRASIL
Review (moda e estilo de vida)
Blog Moda Verde (moda)
Acorda, Bonita (cosméticos)
Mode.fica (consumo consciente)
NA GRINGA (em inglês)
Ecouterre (moda)
Eco Fashion Talk (moda)
Logical Harmony (cosméticos)