O Passo a Passo da Construção do Produto

Dando sequência à série de artigos sobre a organização de uma empresa de confecção, vamos agora construir o produto e definir as funções de estilista, modelista, chefe de costura de amostras, costureira e engenharia de produto.

Estilista

É o artista criador, o responsável pela interpretação dos dados de mercado trazidos por seu superior, o gerente de produto, e pela adaptação das tendências da moda, de forma a criar um produto único, que seja um diferencial, resguardando os parâmetros de custo e de recursos de produção existentes. Para que o estilista possa iniciar seu trabalho, todos os tecidos, aviamentos, cores e até embalagens já devem estar definidos. O comprador deve participar do processo de escolha desses materiais, para avaliar os fornecedores, preços, prazos de pagamento, prazos de entrega e até para buscar alternativas de fornecimento aos materiais escolhidos.
Atribuições:

  • Estar atualizado com tendências de moda, estilo e materiais
  • Estar atualizado com as tecnologias de acabamento e montagem. O passo a passo da construção do produto
  • Conhecer a capacidade tecnológica da empresa.
  • Cumprir programação de desenvolvimento prevista por seu superior.
  • Acompanhar e cobrar de seus comandados o cumprimento de cronogramas.
  • Exigir de seus comandados o cumprimento das especificações de produto.
  • Apresentar necessidades e problemas nas reuniões de produto.
  • Proporcionar atualização tecnológica a seus subordinados.
  • Avaliar novos materiais e processos sob a ótica de custo/benefício.
  • Avaliar novos produtos sob a ótica de produtividade e rentabilidade.
  • Interagir com outros departamentos em tudo que se refira ao novo produto.

Modelista CAD

Técnico responsável pelo caimento do produto. Sua participação junto à engenharia de processo é de vital importância. Interpreta o desenho do estilista e o modela segundo especificações recebidas em relação ao produto e aos acabamentos definidos para a coleção. Realiza seu trabalho tanto de forma artesanal como digital, porém, o produto final aprovado deve possuir moldes digitalizados.
Com o molde digitalizado, antes de entregá-lo para o corte do protótipo, a modelista deve executar um encaixe, para checar o aproveitamento de tecido obtido.
Recomenda-se, para moda, não aprovar moldes cujo aproveitamento seja inferior a 85%. Se isso acontecer, a modelista deve rever e refazer a modelagem, buscando atingir esse índice.
Caso as características do modelo ou do tecido não permitam isso, ela deve relatar essa dificuldade à estilista e sugerir modificações que permitam um melhor aproveitamento.

Chefe de Costura de Amostras

Responsável pela montagem dos protótipos e provas de tamanho, deve comandar o trabalho das costureiras de forma a obterem o acabamento desejado, nas condições de modelagem e especificações recebidas. É quem informa a quantidade dos aviamentos e outros materiais auxiliares consumidos no protótipo, bem como as medidas de franzidos ou distâncias
de aplicações, bordados etc., em ficha específica para este fim.
Além disso:

  • Participa ativamente do desenvolvimento dos protótipos.
  • Participa ativamente da elaboração das normas de engenharia de processo.
  • Zela para que as costureiras montem o protótipo segundo especificações.
  • Não permite que as costureiras façam adaptações no produto.
  • Elabora manuais que facilitem o treinamento de costureiras na produção.

Costureiras

Operadoras da célula de montagem dos protótipos. Devem ser exímias em sua atividade, além de conhecer e manusear todas as máquinas necessárias àquilo que é confeccionado pela empresa. Embora alguns acabamentos não estejam disponíveis para elas, o que exige criatividade para apresentar um resultado final igual, as costureiras precisam reportar a seu
superior todas as modificações, recortes, franzidos e detalhes em geral feitos para poderem montar o protótipo. Também devem informar as principais regulagens de máquinas e/ou aparelhos utilizados, larguras de viés ou outros materiais auxiliares.

Engenharia de Produto

Função nova dentro da área de desenvolvimento de produto. Deve ser exercida por uma pessoa experiente em confecção e em materiais, que conheça cronoanálise e custos. Toda emoção aplicada pelo estilista, pelo modelista e pelas funções anteriores devem aqui ser analisadas racionalmente. Esse profissional cuida para que as técnicas de industrialização aplicadas no produto sejam viáveis, o que resulta em produtividade e baixo custo. Portanto, a atividade é essencial para avaliar e reduzir gastos com materiais e mão de obra, para sugerir modificações nos acabamentos e na modelagem. Algumas de suas atribuições são:

  • Seguir o desenvolvimento desde sua concepção.
  • Questionar acabamentos, aviamentos, materiais etc., sem ferir a criação.
  • Avaliar possibilidade de criar aparelhos e dispositivos auxiliares para operação.
  • Apresentar comparativo de custo para várias propostas de acabamento.
  • Determinar especificações dos materiais utilizados.
  • Buscar soluções de materiais com menor custo junto a fornecedores.
  • Buscar soluções de melhor qualidade de serviços junto a fornecedores.
  • Tentar soluções de produto que eliminem excesso de transporte no processo.
  • Manter atualizados os manuais de especificações de processo.
  • Manter atualizados os manuais de tempos por operação.
  • Criar material de apoio a vendas que facilite o entendimento na produção.
  • Avaliar com modelista os encaixes e o aproveitamento de materiais.
  • Ser rigoroso com seus funcionários no cumprimento dos cronogramas.

Produtividade

No desenvolvimento de produto, também devemos medir a produtividade. É comum vermos reclamações sobre a modelagem, falta de partes, piques, diferenças, que comprometem a produtividade do corte e da costura.

As informações sobre consumo dos materiais geradas nesse setor também podem comprometer o planejamento das compras e da fabricação. A necessidade de refazer protótipos é outro indicador de produtividade do setor. O produto que bem nasceu na fase de criação e foi bem projetado pela engenharia terá um bom desempenho produtivo na área de fabricação, desde que bem planejado pelo Planejamento e Controle de Produção, nosso próximo assunto.

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